“Em tempos de crise global, a Amazônia não é um problema a ser contido, mas uma promessa a ser cumprida. Mas essa promessa precisa de meios. De alianças. De visão. E, sobretudo, de um Brasil que esteja à altura do seu próprio território”
Coluna Follow-Up
A realização da II Conferência Diálogos Amazônicos, em Brasília neste 5 de junho — Dia Mundial do Meio Ambiente —, revela algo maior do que a soma dos discursos. Ali, no coração institucional do país, as lideranças da Amazônia estão dizendo, com todas as letras, que não aceitam mais o lugar de expectadoras. E mais: apresentam um roteiro possível para a travessia que o Brasil precisa fazer entre a promessa e a ação em torno do desafio climático.

A interlocução entre Amazônia e Brasil, tantas vezes marcada por desencontros, mostrou-se finalmente como uma equação possível de ganha-ganha. Não por retórica, mas por consequência. Consequência de quem compreendeu que não haverá transição energética sem floresta viva, nem justiça climática sem industrialização sustentável, nem futuro para o país sem interiorização do desenvolvimento.
Este é o espírito de tudo que une as falas, os compromissos e os propósitos que descrevem a preparação do encontro. E, nesse contexto, o CIEAM — Centro da Indústria do Estado do Amazonas — se posiciona como pivô de uma articulação estratégica cada vez mais madura. Não isolado, mas em rede. Ao lado da SUFRAMA, da Secretaria de Planejamento e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas, da FIEAM, das universidades e de outras entidades que atuam na delicada fronteira entre produção e preservação.
Esse alinhamento não surge do nada. É resultado de um novo olhar sobre a Amazônia, agora percebida não apenas como uma urgência ambiental, mas como protagonista de soluções econômicas, tecnológicas e sociais para os desafios do nosso tempo.
A conferência deixará claro que há cenários em disputa, mas também horizontes já assumidos como propósitos comuns:
- Consolidar a Zona Franca de Manaus como plataforma de transição ecológica e industrial verde;
- Atuar na formação de talentos locais com foco em inovação, tecnologia e bioeconomia;
- Integrar os sistemas de infraestrutura logística, energética e digital da região;
- Fomentar cadeias produtivas de maior valor agregado com responsabilidade territorial;
- Influenciar, de forma coordenada, o debate nacional sobre políticas industriais e incentivos sustentáveis;
- E ampliar a presença qualificada da Amazônia nos fóruns globais, especialmente na COP30, em Belém.

Esses objetivos — tão ambiciosos quanto necessários — partem de uma constatação simples e grave: não há como enfrentar a emergência climática sem reequilibrar a economia brasileira, e isso exige investir no protagonismo produtivo da Amazônia.
Esse será maior mérito da conferência: sair do discurso protetivo e avançar para a política afirmativa. O tempo das declarações acabou. O que se espera agora são mecanismos, cronogramas, métricas, recursos e protagonismos bem distribuídos.
E a indústria da Amazônia, que já provou sua capacidade de gerar riqueza com baixa emissão e floresta em pé, se oferece novamente como parte da solução. Em tempos de crise global, a Amazônia não é um problema a ser contido, mas uma promessa a ser cumprida. Mas essa promessa precisa de meios. De alianças. De visão. E, sobretudo, de um Brasil que esteja à altura do seu próprio território.
Coluna follow-up é publicada no jornal do Comércio do Amazonas às quartas, quintas e sextas-feiras sob a responsabilidade do CIEAM e coordenação editorial de Alfredo Lopes Portal Brasil Amazônia agora