“Ora, se o propósito é salvar a Amazônia e se a única maneira de protegê-la é atribuir-lhe atividade voltada ao seu desenvolvimento, o caminho é outro. No Dia da Amazônia, em vez do alarmismo publicitário, por que não promover uma campanha de impacto que obrigue o poder público a investir essa dinheirama – R$ 20 bi/ano, pelo menos, nesta Amazônia social e economicamente empobrecida? Esta é a premissa de construção da Amazônia do futuro, proposta do setor privado para nosso amanhã, e do combate à desinformação e a transformação do espalhafato em informação construtiva a favor do Brasil e de nossa Terra”.
Nelson Azevedo
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Fazendo um balanço do Dia da Amazônia – uma data que se inspirou na elevação do estado do Amazonas à categoria de Província no ano de 1850- como era de se esperar, os relatos foram de sensacionalismo e exageros a discretos reconhecimentos de coisas positivas que aqui acontecem. Como nossa floresta virou celebridade às avessas, seria inevitável que os usuários da vaidade impulsionada pegassem carona no cometa super fantástico da disseminação de notícias que estimulem atenção. Ainda bem que, mesmo com internet a cabo, temos um discreto espaço digital para manifestar nossa observação regional. Nem que seja produzindo verso de protesto para este lenga-lenga perverso.
Carbonização fatal
A notícia veiculada neste domingo à noite, dia da Amazônia, em rede mundial de TV e Web, na Globoplay, afirma que a floresta em lugar de fixar carbono, como determina o milagroso processo da fotossíntese , está invertendo a ordem, emitindo mais os gases de efeito estufa do que sequestrá-los como faz desde que acabou a última glaciação. Isso se deu entre 14 mil e 30 mil anos atrás. Esta conclusão catastrófica serve para a região estudada, situada em área de influência do rio Tapajós e da rodovia BR-163. Este monitoramento da floresta feito pelo INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mesmo referendando a metodologia utilizada, os resultados alcançados não podem ser generalizados para toda a Amazônia. E este é um dos principais atestados coletivos de desinformação, referenciado em cima do fato de que existem diversas Amazônias. O INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, faz inventário com outra metodologia, já consagrada mundialmente há três décadas, que é permanentemente atualizado. Nesta semana, o cientista Niro Higuchi, a maior autoridade mundial em dinâmica de carbono na Amazônia, publica artigo científico que reconhece o serviço ambiental de floresta existente na região metropolitana de Manaus. E já adianta, segundo seus pares, que o resultado desta investigação florestal vai em outra direção.
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Uso sustentável da floresta
Em hipótese alguma, este relato significa compactuar com a política de desmatamento que se agravou nos últimos 10 anos. Muito pelo contrário. Como empresário atuante na Amazônia Ocidental, defendo o uso sustentável da floresta. Aqui, a Suframa, há 54 anos, responsável pela Zona Franca de Manaus, administra com rigor a compensação fiscal federal que permite às empresas gerar emprego, renda e oportunidades para a região e para o Brasil. De quebra, protegemos a floresta e pagamos R$ 1,5 bilhão/ano para financiar a Universidade do Estado do Amazonas e fomento de atividades sustentáveis para todo estado. E foi por reconhecer a lisura e o benefício ambiental de nossa atividade industrial, no coração da floresta amazônica, que a Organização Mundial do Comércio e a União Europeia jamais consideraram nossa atividade como ameaça à natureza ou como protecionismo de concorrência desleal. Eles nos reconhecem e aplaudem enquanto setores do tecido social são criativos em difamação de nossa economia.
Acordos estratégicos se formam
Temos recomendado o combate à patologia do fake news. Somos avessos à ideia de desmatar para fazer pecuária. No âmbito das entidades do setor produtivo temos buscado alinhar o discurso entre os diversos líderes regionais para proteger a floresta. Lideranças do agronegócio, nesse cenário, tem ido na mesma direção esclarecendo que o país, via Embrapa, já domina, utiliza e dissemina práticas sustentáveis para o agronegócio e que as áreas disponíveis podem expandir ene vezes as commodities atuais sem remover mais floresta.
Se o propósito é comum…
Temos insistido para o respeito constitucional de aplicar na região prioritariamente os recursos aqui gerados com nossa atividade fabril. Desde 1988, a Constituição Brasileira nos concede um discreto percentual de contrapartida tributária, atualmente menos de 8% do bolo de incentivos do país. A condição é clara: este volume de recursos seja aplicado na redução das absurdas desigualdades entre o Norte e o Sul do país. Ora, se o propósito é salvar a Amazônia e se a única maneira de protegê-la é atribuir-lhe atividade voltada ao seu desenvolvimento, o caminho é outro. No Dia da Amazônia, em vez do alarmismo publicitário, por que não promover uma campanha de impacto que obrigue o poder público a investir essa dinheirama – R$ 20 bi/ano, pelo menos, nesta Amazônia social e economicamente empobrecida? Esta é a premissa de construção da Amazônia do futuro, proposta do setor privado para nosso amanhã, e do combate à desinformação e a transformação do espalhafato em informação construtiva a favor do Brasil e de nossa Terra.
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