Desde 2000, a frequência e a intensidade das secas aumentaram em cerca de 30%, ameaçando a segurança alimentar, hídrica e os meios de subsistência de 1,8 bilhão de pessoas
Secas prolongadas e extremas trazem impacto não só ambiental, mas também econômico. A perda é significativa: segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), a degradação custa quase US$ 880 bilhões à economia global anualmente.
Para levantar debates e ações práticas entre as nações, o Dia Mundial da Desertificação e da Seca, celebrado em 17 de junho, traz neste ano o lema das Nações Unidas: “Restaurar a Terra. Desbloquear as Oportunidades”. A data reforça o apelo para que a humanidade acelere as ações pela conservação do planeta. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o ritmo da degradação da terra é alarmante e que os prejuízos econômicos bilionários representam um valor significativamente superior ao necessário para combater o problema.
Impactos da seca
Guterres ressalta que as secas estão forçando milhares de pessoas a abandonarem suas casas, e o número de deslocados atingiu seu nível mais alto em anos. Dados da ONU revelam que, desde 2000, a frequência e a intensidade das secas aumentaram em cerca de 30%, ameaçando a segurança alimentar, hídrica e os meios de subsistência de 1,8 bilhão de pessoas.
Reparar os danos causados à terra pelas estiagens prolongadas prevê múltiplos benefícios, como um elevado retorno sobre o investimento, redução da pobreza, geração de empregos e proteção do abastecimento de água. Além disso, espera-se melhorar a produção de alimentos, garantir o acesso aos direitos à terra e aumentar a renda, com atenção especial aos pequenos agricultores e às mulheres.
A meta é reverter a degradação e aumentar o financiamento para a restauração, inclusive por meio do desbloqueio do investimento privado.
Regiões brasileiras mais afetadas
Segundo reportagem da DW Brasil, o mapa de seca no Brasil revela uma situação generalizada, afetando praticamente todas as regiões do país. O cenário é especialmente crítico em estados que abrigam a Floresta Amazônica, como o Acre, partes do Amazonas e o norte de Mato Grosso.
Além dos impactos ambientais e sociais, a seca tem consequências diretas na economia brasileira, encarecendo a conta de energia elétrica. Isso ocorre porque o Brasil depende majoritariamente das usinas hidrelétricas, que são a fonte mais barata de eletricidade. Com a redução dos níveis dos reservatórios, o sistema elétrico precisa recorrer a formas de geração mais caras, aumentando os custos para os consumidores.
Perspectivas para quem vive da terra
Atualmente, dos cerca de 8 bilhões de habitantes do planeta, mais de 1 bilhão de jovens com menos de 25 anos vivem em países em desenvolvimento, especialmente em áreas diretamente dependentes da terra e dos recursos naturais para sua subsistência.
Uma das principais sugestões para apoiar esse grupo, segundo Guterres, é a criação de oportunidades de emprego no meio rural, com foco na ampliação do acesso ao ecoempreendedorismo e na disseminação de melhores práticas de uso sustentável da terra.
Acelerar o ritmo de implementação dessas medidas conservando a terra foi o tema dos 30 anos da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação completados em 2024. Na 16ª Conferência dos Estados Partes da Convenção, em Riad, Arábia Saudita, foi impulsionada o o envolvimento de jovens nas negociações.