Amazônia, a quem compete a proteção do meio ambiente e das pessoas?

“É urgente que tanto as instituições públicas quanto as privadas, entidades de classe, desempenhem um papel ativo na proteção do meio ambiente. Programas de educação ambiental, incentivos para práticas agrícolas sustentáveis e investimentos em tecnologias verdes são algumas das iniciativas que podem ser adotadas desde já para resguardar as pessoas e proteger a floresta.”

Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up

Semana do Meio Ambiente, à luz da urgência climática assustadora, deveria ser o Século do Meio Ambiente. A ver a recente declaração de Carlos Nobre, climatologista renomado, aponta que pelo menos 70% do território brasileiro poderá enfrentar grandes secas, enquanto o Sul e parte do Sudeste correm risco de chuvas intensas nas próximas décadas. Este cenário é uma consequência direta da emergência climática global, onde as emissões de gases de efeito estufa permanecem elevadas e a temperatura média do planeta continua a subir.

Em consonância, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em Seminário da Folha, alerta para a transformação de florestas úmidas, como a Amazônia, em áreas cada vez mais secas, aumentando a vulnerabilidade a incêndios. Essas manifestações destacam a urgência de adotar medidas de previdência ousadas e a conscientização de todas as camadas sociais e instituições para mitigar os efeitos devastadores da mudança climática.

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foto: Jardiel Carvalho/Folhapress

A função vital da Amazônia

A Amazônia desempenha um papel vital na regulação do clima global. Sua vasta cobertura vegetal não só absorve dióxido de carbono, mas também influencia padrões de precipitação e temperaturas em escala regional e global. No entanto, a importância da Amazônia vai além de suas funções climáticas. Ela é um reservatório de biodiversidade e um regulador hídrico essencial, que, se bem gerida e expandida, pode ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas que já sentimos em várias partes do Brasil.

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foto: Reprodução

A dramaticidade da crise e a urgência de ação

O Rio Grande do Sul enfrentou recentemente enchentes e alagamentos por chuvas intensas, um fenômeno que pode se tornar mais comum se não agirmos. Enquanto isso, grandes partes do Brasil estão sujeitas a secas severas, afetando a agricultura, abastecimento de água e a vida cotidiana das pessoas. Esse cenário caótico exige ações urgentes e coordenadas que vão além das promessas políticas e discursos. Precisamos de uma conscientização coletiva que envolva todos os setores da sociedade, incluindo governos, empresas e cidadãos, para garantir um estado de alerta e cuidados permanentes.

Estratégias de expansão da cobertura vegetal

Uma das estratégias mais eficazes para mitigar a mudança climática é a expansão da cobertura vegetal, especialmente na Amazônia. Plantar árvores, restaurar áreas degradadas e proteger as florestas existentes são ações que não só ajudam a absorver dióxido de carbono, mas também a promover a resiliência ambiental e social. No entanto, essas ações devem ser acompanhadas por políticas públicas robustas que incentivem práticas sustentáveis e penalizem a destruição ambiental.

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Imagem meramente ilustrativa criada por Inteligência Artificial

O papel das instituições públicas e privadas

É urgente que tanto as instituições públicas quanto as privadas desempenhem um papel ativo na proteção do meio ambiente. Programas de educação ambiental, incentivos para práticas agrícolas sustentáveis e investimentos em tecnologias verdes são algumas das iniciativas que podem ser adotadas desde já para resguardar as pessoas e proteger a floresta. Além disso, é fundamental que haja uma fiscalização rigorosa para impedir o desmatamento e outras atividades que ameaçam a Amazônia e o equilíbrio climático global.

A responsabilidade do Poder Público

Marina Silva tem insistido que a adaptação à nova realidade climática exige um esforço extraordinário, tanto com recursos financeiros quanto com equipamentos. A ministra defendeu novos marcos regulatórios, que permitam decretar emergências climáticas e mobilizar recursos para combater desastres. A implementação de um plano de prevenção e gerenciamento de riscos climáticos, focado na proteção das populações vulneráveis e na sustentabilidade, é essencial. O governo brasileiro precisa trabalhar para desenvolver o potencial do país de produção de hidrogênio verde, adaptar a agricultura para ser de baixo carbono e restaurar áreas de floresta degradadas.

Amazônia, a quem compete a proteção do meio ambiente e das pessoas?
foto: Ricardo Stuckert

A guerra das bombas climáticas

A declaração de Carlos Nobre, juntamente com as preocupações expressas por Marina Silva, deve servir como um chamado à ação para todos nós. A Terra está se tornando uma ‘bomba climática’, e a única maneira de desarmá-la é através de uma ação coordenada e consciente que envolva toda a sociedade. A Amazônia, com sua capacidade de amenizar o aquecimento global, precisa ser compreendida e protegida de maneira mais efetiva. Somente com medidas ousadas e uma conscientização urgente poderemos assegurar um futuro comum de um planeta habitável. Isso é tarefa de todos e cada um, e a hora já está passando.

alfredo

Coluna Follow-up é publicada às quartas, quintas e sextas feira, sob a responsabilidade do CIEAM e coordenação editorial de Alfredo Lopes, editor do portal BrasilAmazoniaAgora

Alfredo Lopes
Alfredo Lopes
Alfredo é filósofo e escritor

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