O diretor de novos negócios do Idesam e CEO da AMAZ, Mariano Cenamo, falou sobre o evento, desafios, oportunidades e soluções para a estruturação do ecossistema de impacto na região amazônica.
Nos dias 29 e 30 de novembro, Manaus sedia o 2º FIINSA (Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia). O evento reúne empreendedores, investidores, financiadores, organizações da sociedade civil e diversos outros atores para debater oportunidades e desafios para o desenvolvimento do ecossistema de impacto amazônico, a bioeconomia e o futuro da maior floresta tropical do planeta. O Festival oferece também ao público espaço para network e troca em um mercado com produtos amazônicos sustentáveis. Mais informações sobre a programação podem ser obtidas no site do evento: fiinsa.org.br
Em sua primeira edição, realizada em 2018, o FIINSA reuniu centenas de atores do setor na capital amazonense. Foram investidos R$ 1,1 milhão em quatro negócios de impacto durante a rodada de investimentos. Para esta edição, são esperadas cerca de 500 pessoas.
Realizado pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) e pelo Impact Hub Manaus, o 2º FIINSA é evento é correalizado pela AMAZ aceleradora de impacto, Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e Uma Concertação pela Amazônia. Tem patrocínio do Fundo Vale, Instituto Clima & Sociedade (iCS), Partnerships For Forests, Uk Government, Amazon Investor Coalition, Fundo JBS pela Amazônia, Americanas S.A, SAP e Instituto Sabin, além do apoio de vários parceiros.
O diretor de novos negócios do Idesam e CEO da AMAZ, Mariano Cenamo, conversou conosco sobre o evento, desafios, oportunidades e soluções para a estruturação do ecossistema de impacto na região amazônica.
O que o público pode esperar desta segunda edição do FIINSA?
A primeira edição do FIINSA aconteceu em 2018, e por causa da pandemia da covid-19 só agora podemos realizar a segunda edição. Ele volta a ser realizado com o objetivo de unir empreendedores, investidores, financiadores, aceleradoras, incubadoras, pesquisadores, organizações do terceiro setor, lideranças comunitárias e indígenas, ou seja, todo mundo que acredita que a conservação da floresta amazônica precisa de um nova economia e negócios que têm o propósito de resolver os problemas ambientais e econômicos da região. Teremos uma programação muito completa, que vai debater a Amazônia a partir da Amazônia. É uma oportunidade para quem procura novos modelos de desenvolvimento para a região amazônica e a transição para uma economia de baixo carbono.
Há negócios preparados para fazermos essa transição?
Existe um movimento crescente de organizações nacionais e internacionais, financiadores, investidores, focado no potencial da Amazônia, da biodiversidade e da bioeconomia. Porém, ainda é necessário potencializar os empreendimentos na região. É preciso atrair jovens, empresas, gestores e empreendedores para entender melhor a floresta e pensar em negócios que tenham impacto positivo ou neutro para o desenvolvimento da região. O FIINSA busca soluções para esses gargalos. Por isso, é um evento de extrema importância.
Você pode dar exemplos de negócios que já atuam gerando impacto positivo para a floresta?
A AMAZ, aceleradora de impacto coordenada pelo Idesam, já tem 18 desses negócios em seu portfólio, em diferentes estágios de atuação, mas que já geram ou visam à geração de impactos positivos para a floresta e suas populações. Vou citar aqui três exemplos. O primeiro deles é a NavegAM, que está sediada em Manaus e que busca otimizar o transporte fluvial na região Amazônica, facilitando o acesso a informações sobre frete e transporte de passageiros, e também apresenta funcionalidades para transporte rodoviário na região. O transporte e a logística são grandes gargalos para o empreendedor que atua na Amazônia.
Temos também a Manioca, que busca conectar as pessoas à Amazônia por meio de alimentos criativos e naturais elaborados a partir de ingredientes da região e com a promoção do comércio justo com produtores e comunidades. E a Inocas, que traz uma alternativa ao óleo de palma alavancando a cadeia produtiva da macaúba como fonte de óleos vegetais sustentáveis. A empresa faz isso por meio do aproveitamento de pastagens com pecuaristas brasileiros, com objetivo de plantar 30 mil hectares de macaúba consorciados em sistema silvipastoril até 2030.
Em quais áreas estão oportunidades para empreender com esse olhar de impacto positivo para a Amazônia?
São muitas. Desde alimentação, turismo de base comunitária, indústria farmacêutica e cosmética, arte, artesanato, moda, passando por atuações mais estruturais como comunicação e logística, restauração florestal, mercado de carbono, acesso a mercados, enfim. Temos agora a onda do cripto e da Web 3.0 também chegando à Amazônia. Uma boa amostra do que já está sendo feito nessas áreas por negócios de impacto pode ser conhecida no FIINSA. Empreendedores participarão de mesas temáticas e teremos uma área de feira e exposição desses serviços e produtos, que estarão acessíveis aos participantes.
Qual o papel das incubadoras e aceleradoras na construção desse ecossistema?
Há muitas ideias e projetos que precisam ser desenvolvidos e validados antes de avançar em jornadas de aceleração, e nisso são as incubadoras que podem ajudar os negócios a se estruturarem. Por outro lado, o papel das aceleradoras é fomentar o desenvolvimento dos negócios, com foco também em gerar impacto positivo para a floresta e para as pessoas, além de buscar investimento para os negócios que já estejam em grau de maturidade para recebê-lo.
Os chamados dinamizadores do campo de impacto, que são as incubadoras, aceleradoras e profissionais diversificados, são muito importantes para que os negócios se organizem, estejam prontos para receber financiamento e se percebam como geradores de impacto positivo para a sociobiodiversidade amazônica e absorvam isso como um dos pilares de atuação, contribuindo, de fato, para a conservação e preservação da floresta. Há muitas oportunidades, crescentes, para esse tipo de negócio.
Já se pode falar em unicórnios de impacto na Amazônia?
Já há negócios de impacto que seguem crescendo e ganhando escala. Os três que citei acima, do portfólio da AMAZ, são alguns deles. Os empreendedores têm muitos desafios em seu crescimento, muitos deles comuns a qualquer startup, mas outros singulares a quem atua na região amazônica. O FIINSA vai debater oportunidades e soluções para esse crescimento a partir da experiência de empreendedores e empreendedoras que atuam na região.
Há financiadores e investidores interessados nessa transição para uma economia de baixo carbono e um desenvolvimento que se dê pela via da floresta em pé?
Sim, eles são cada vez mais numerosos. A Amazônia está na mira do mundo, cada vez mais, porque ela é fundamental no combate ao aquecimento global. Os olhos se voltam cada vez mais para cá, como também as oportunidades de financiamento e investimento. Uma prova disso é que o Fundo Amazônia está em vias de voltar a funcionar, Noruega e Alemanha já se posicionaram positivamente para sua retomada em 2023 e o Brasil também já se movimentou para isso. Muitos investidores e financiadores demonstram interesse em negócios de impacto que contribuam para conservar a floresta, mas esses negócios precisam ter um grau mínimo de estruturação para receber o aporte de recursos. Também abordaremos isso no FIINSA.
Agende-se:
O que: 2º Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia
Quando: 29 e 30 de novembro
Onde: Studio 5 Shopping e Convenções – Avenida Rodrigo Otávio, 3555, Distrito Industrial I, Manaus/AM
Informações e ingressos: https://fiinsa.org.br/
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