Bolsas, tijolos, detergente…as inovações sustentáveis ligadas à reciclagem e à bioeconomia surgem como aliadas fundamentais para transformar o modo como produzimos, consumimos e convivemos com os recursos naturais
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, serve não só como alerta para a necessidade de preservação, mas também como oportunidade de celebrar uma série de inovações sustentáveis que já estão sendo desenvolvidas no Brasil e no mundo em busca de um planeta mais verde.
Afinal, em um cenário de crise climática, inovações ligadas à reciclagem e à bioeconomia surgem como aliadas fundamentais para transformar o modo como produzimos, consumimos e convivemos com os recursos naturais.
Selecionamos seis projetos que já revolucionam setores variados em prol da preservação ambiental, desde a arte até a construção civil. Confira:
1- Couro de tilápia no artesanato

A pele de tilápia adquiriu um novo significado e um novo destino sustentável na Bahia graças ao trabalho da artesã Regina Soares, de 58 anos. O projeto Ecotilápia surgiu em 2012 e, por meio dele, Regina busca transformar a pele desse animal em peças artesanais produzidas em um ateliê instalado em sua própria casa. Entre os produtos estão bolsas, chaveiros, bloquinhos e itens de decoração, com preços a partir de R$ 5. O material adquire qualidade e resistência semelhante ao couro.
“A minha cidade também possui muitas pisciculturas e não havia essa preocupação com o reaproveitamento do material descartado. Muitas peles iam para o lixo mesmo”, diz a artesã em entrevista ao veículo Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
2- De olho na moda: retalhos viram ecobags

A Ecoloy, startup baiana criada em 2019 e liderada pelo empreendedor Loyola Neto, transforma resíduos têxteis em soluções escaláveis e inteligentes. A iniciativa nasce movida pela inquietação em relação aos excessos da indústria têxtil e atua para propor inovações sustentáveis que reduzam o impacto ambiental do setor.
Seu produto de destaque é a Ecobaggy, uma bolsa sustentável e funcional feita de resíduo têxtil. “É um material que vem de uma indústria chamada BMD Textiles, no polo petroquímico de Camaçari. Eles têm tecido de manta asfáltica, manta de cama elástica, manta de cadeira de praia. Esses resíduos vêm para a gente e transformamos nessa bolsa sustentável, que resiste até 30 kg e dura no mínimo 5 anos. Serve para praia, supermercado… e a venda dela ajuda a alimentar nossos projetos”, explica Neto em entrevista à Marie Claire.
3- Casca de pinhão vira copo em projeto escolar

O consumo intenso do pinhão durante o inverno gera um volume significativo de resíduos, principalmente as cascas, que normalmente são descartadas. A inovação de Maria Clara Badin Salvalaggio, aluna do 6º ano do ensino fundamental de uma escola em Curitiba (PR), pode ajudar a administrar esse problema e ainda tornar as festas juninas mais sustentáveis e com menos resíduos.
A aluna decidiu usar as aulas de Iniciação Científica para transformar a casca de pinhão em um copo biodegradável, feito a partir de uma mistura inovadora composta por cascas de pinhão, glicerina, gelatina, ágar-ágar, água, vinagre e sementes de salsa e alecrim.
Foram produzidos copos biodegradáveis de 50 ml, sendo que cada um tem a capacidade de acondicionar tanto líquidos frios como quentes. E o melhor: não impacta negativamente o meio ambiente quando descartado.
4- Na construção civil, bagaço da cana vira tijolo

A University of East London, em colaboração com a Tate & Lyle Sugars, uma empresa britânica, desenvolveu uma nova abordagem para reutilizar o bagaço da cana-de-açúcar, transformando este subproduto agrícola, até então considerado resíduo, em um material de construção inovador. O produto, batizado de “Sugarcrete”, é um tijolo ecológico feito a partir da combinação do bagaço da cana-de-açúcar com ligantes de base mineral.
A produção do Sugarcrete é um avanço e une sustentabilidade e qualidade. Seu processo gera uma pegada de carbono muito inferior à do concreto tradicional, alinhando-se com a busca global por soluções de construção mais verdes. Além disso, a necessidade reduzida de aço — até 90% menos em comparação com o concreto — resulta em estruturas mais leves, que minimizam o risco de rachaduras e utilizam menos recursos naturais.
5- Tapioca? Não: mandioca se transforma em bioembalagens

Desenvolvido em parceria com o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), um novo projeto da startup Dooka transforma a fécula da mandioca — ingrediente muito usado na produção de tapioca — em uma alternativa biodegradável e de baixa emissão de carbono para substituir plásticos convencionais, isopor e outros materiais poluentes.
O resultado é um produto 100% renovável, com ciclo de vida curto no meio ambiente, que pode ser absorvido naturalmente após o descarte. Além de reduzir a poluição plástica, a fabricação das bioembalagens nas comunidades amazônicas aumenta a geração de renda local e ajuda a conservar a Amazônia.
6- Detergente com madeira, milho, mais eficiência e menos poluição

Desenvolvida com o objetivo de reduzir impactos ambientais causados por compostos químicos agressivos presentes em produtos de limpeza tradicionais, esse detergente ecológico feito a partir de fibra de madeira e proteína de milho usa as nanofibras de celulose (derivadas da madeira) e a zeína, uma proteína extraída do milho, para criar uma emulsão – chamada de emulsão Pickering – capaz de atrair e reter a gordura das manchas.
A pesquisa que detalha a criação do produto foi publicada na revista Langmuir e representa um passo promissor na busca por produtos de limpeza não só mais eficazes, mas também mais seguros, biodegradáveis e com menos impactos negativos ao meio ambiente.