Apesar da redução no número de alertas de desmatamento no Cerrado e no Pantanal, o desmatamento na Amazônia cresceu 4%, desacelerando tendência de redução e preocupando especialistas.
Dados do sistema Deter, do Inpe, mostram que o desmatamento na Amazônia cresceu 4% entre agosto de 2024 e julho de 2025, totalizando 4.495 km². Apesar da alta, esse é o segundo menor resultado da série histórica iniciada em 2016. O cenário indica desaceleração no ritmo de redução e acende um alerta: após um ano marcado por seca extrema e recorde de queimadas, a derrubada da floresta pode estar se estabilizando em um patamar distante da meta de desmatamento zero.
No Cerrado, os alertas de desmatamento caíram 21% no período, somando 5.555 km² — volume que supera o total da Amazônia. A redução reverte a tendência de alta iniciada em 2021 e pode sinalizar uma mudança no padrão de devastação do bioma, historicamente pressionado pela expansão agropecuária. No Pantanal, a queda foi de 72% (319 km²), uma retração na devastação de um dos ecossistemas mais ameaçados do país.
Entre os Estados da Amazônia Legal, o Pará registrou queda de 21% (1.325 km²), menor valor da série histórica. O resultado foi influenciado por embargos do Ibama a mais de 70 mil hectares em maio, medida que conteve uma alta de 91% registrada naquele mês.
Já no Mato Grosso, onde ainda é permitido o uso do correntão, o desmatamento cresceu 74% (1.636 km²). No Amazonas, houve alta de 3% (814 km²), enquanto Rondônia registrou queda de 35% (194 km²), revelando contrastes na região.
O embargo remoto, usado pelo Ibama no Pará, permite identificar e bloquear à distância o uso econômico de áreas desmatadas ilegalmente por meio de imagens de satélite. A medida impede produção e comércio nessas áreas, cortando o lucro obtido com a destruição. Para o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, a ação foi decisiva para frear parte da devastação, mas a floresta “continua em patamares inaceitáveis, a caminho de um ponto de colapso”.