“Como afirmou Samuel Benchimol, ‘o futuro não acontece por acaso; é construído por meio de planejamento e trabalho coletivo’”
Anotações de Alfredo Lopes
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Inserida no coração da Amazônia, a Zona Franca de Manaus (ZFM) tem um potencial econômico imensurável, sustentado por sua biodiversidade e riqueza cultural. Contudo, desafios significativos emergem no horizonte, especialmente com o encerramento das vantagens fiscais previstas para 2073. A Reforma Tributária trouxe à tona a urgência de planejar alternativas sólidas e sustentáveis para o futuro do modelo econômico regional.
Infraestrutura e Conectividade
O desenvolvimento sustentável da Amazônia passa, necessariamente, pela superação dos gargalos logísticos que encarecem a produção e dificultam o acesso a mercados. É imperativo investir em infraestrutura de transporte fluvial, rodoviário e aéreo, adaptada às particularidades da região. Além disso, a transição energética representa um eixo estratégico: a integração de fontes renováveis como solar, biomassa e eólica pode gerar empregos, reduzir emissões de carbono e promover tarifas mais acessíveis, fortalecendo o protagonismo climático da Amazônia.
A comunicação digital também é crucial. A integração por satélite pode conectar comunidades isoladas, impulsionando a educação e capacitação das populações locais, e abrir portas para uma economia digital baseada no conhecimento. Essas iniciativas criam as bases para uma diversificação econômica que ultrapassa a bioeconomia tradicional.
Economia do Conhecimento
Com infraestrutura ajustada, o Amazonas pode consolidar seu papel como um polo global de inovação. Bioativos regionais e biotecnologia já demonstram alto potencial de impacto econômico, especialmente quando integrados a cadeias produtivas globais. Para isso, é essencial fortalecer o sistema de ciência e tecnologia na Amazônia, promovendo a pesquisa em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e conectando ciência básica ao mercado.
A diversificação deve incluir turismo ecológico, piscicultura em larga escala, sistemas agroflorestais (SAFs) e exploração sustentável de recursos florestais. Conforme detalhou Denis Minev, empresário da região, essas ações só serão efetivas com investimento em capital humano qualificado e planejamento estratégico.
Rematamento: Recuperando a Produtividade
O conceito de “rematamento”, proposto por Denis Minev, aponta para uma transformação econômica com bases sustentáveis. A revitalização de 70 milhões de hectares de terras degradadas na Amazônia pode gerar riquezas por meio de SAFs, piscicultura e produção agrícola sustentável. Essas iniciativas não apenas aumentam a produtividade, mas também mitigam os efeitos das mudanças climáticas, fortalecendo a resiliência da região.
Desafios e Reflexões Coletivas
A seca histórica de 2023/2024 e seus impactos demonstraram que proteger o bioma amazônico não é apenas uma questão ética, mas de sobrevivência. Infraestrutura insuficiente, altos custos logísticos e a falta de planejamento integrado ameaçam a competitividade e a qualidade de vida na região.
A Amazônia precisa equilibrar desenvolvimento econômico com preservação ambiental, adotando modelos que respeitem sua singularidade ecológica. Como afirmou Samuel Benchimol, “o futuro não acontece por acaso; é construído por meio de planejamento e trabalho coletivo”.
Planejar o Futuro: Uma Jornada Coletiva
O futuro da ZFM até 2073 será moldado pelas decisões que tomarmos agora. Mobilizar setores da sociedade, promover um diálogo inclusivo e estabelecer parcerias estratégicas são passos essenciais para garantir a sustentabilidade e a prosperidade da região. Vamos juntos planejar um modelo que una economia, sociedade e ecologia, em uma jornada coletiva que beneficie as futuras gerações.
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora