“A revolução da Inteligência Artificial é mais que uma oportunidade e a certeza de maior produtividade; é também uma imensa responsabilidade. A UEA tem a chance de se posicionar como líder dessa transformação, trazendo para a Amazônia o mesmo espírito inovador que transformou Lisboa e que está mudando as relações no planeta”.
Por Antônio Mesquita e Alfredo Lopes
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No contexto global, já estamos numa Nova Era Tecnológica. A inteligência artificial (IA), sabemos, não é um conceito recente. Seu desenvolvimento começou há mais de cinquenta anos, mas o progresso acelerado nos últimos anos tem transformado profundamente a maneira como vivemos e trabalhamos. Atualmente, vivemos três revoluções tecnológicas simultâneas que estão remodelando o futuro global:
- Inteligência Artificial: 2024 é considerado o ano da conscientização sobre a IA, consolidando seu papel como protagonista em produtividade e eficiência.
- Eletrificação de Frotas: A transição global para carros elétricos, liderada pela China, está redefinindo a mobilidade sustentável.
- Robótica: A fabricação de robôs humanoides está em plena ascensão, com previsão de cinco bilhões de unidades produzidas até 2040.
Essas convergências representam a maior revolução tecnológica das últimas décadas. O impacto é inegável: produtividade, eficiência e inovação em níveis inéditos.
Web Summit 2024: Uma Vitrine Global
A UEA, Universidade do Estado do Amazonas se fez presente no Web Summit 2024, realizado em Lisboa, e testemunhou como esse evento é muito mais que um palco de debates, mas também um motor de transformação econômica. Desde 2017, Lisboa se estabeleceu como a capital europeia da inovação, com infraestrutura adaptada para abrigar hubs tecnológicos, startups e centros de pesquisa.
Hoje, o ecossistema de inovação de Lisboa abriga:
- 4 mil startups ativas,
- 7 unicórnios (empresas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares),
- E se destaca como referência em setores emergentes como a economia azul e a exploração espacial.
A experiência de Lisboa demonstra como um planejamento estratégico, aliado à aplicação de tecnologias disruptivas, pode transformar uma cidade e impactar sua economia.
A UEA na Era da Inteligência Artificial
Inspirada fortemente pelas lições de Lisboa, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) está determinada a liderar a transição tecnológica na Amazônia. A região enfrenta desafios únicos, desde a preservação ambiental até questões logísticas, mas também oferece um potencial inexplorado de bioeconomia e inovação sustentável.
Primeiras Recomendações para a UEA:
- Implementar Análise Preditiva: A IA pode prever tendências e demandas regionais, orientando decisões estratégicas. Por exemplo, identificar cadeias produtivas com maior potencial para gerar valor sustentável.
- Monitoramento em Tempo Real: Sistemas baseados em IA podem acompanhar o impacto de projetos em bioeconomia e educação, ajustando estratégias conforme necessário.
- Automação de Processos: Automatizar tarefas administrativas e operacionais para liberar recursos humanos para projetos estratégicos.
- Capacitação em IA: Parcerias com empresas de tecnologia para treinamento de docentes, pesquisadores e estudantes, criando uma força de trabalho capacitada.
- Apoiar Startups e Pesquisa Aplicada: Criar um ecossistema de inovação no Amazonas, inspirado no modelo de Lisboa, com hubs de startups focados em bioeconomia, logística sustentável e energia renovável.
Leia aqui o último artigo de Alfredo Lopes:
Planejamento Estratégico com Inteligência Artificial
A integração da IA ao planejamento da UEA pode revolucionar a forma como a universidade contribui para o desenvolvimento regional. Abaixo, algumas iniciativas viáveis:
- Criação de um Centro de Inovação em IA e Bioeconomia: Um espaço dedicado à pesquisa e desenvolvimento, alinhado às demandas amazônicas.
- Investimento em Logística Inteligente: IA aplicada ao transporte fluvial e terrestre, otimizando rotas e reduzindo custos.
- Plataforma de Dados Regionais: Reunir e analisar dados da biodiversidade, clima e economia para apoiar políticas públicas.
Financiamento e Sustentabilidade
- Para viabilizar essas ações, a UEA deve buscar:
- Fundos de investimentos internacionais, como o Banco Mundial e o BID, com foco em inovação sustentável.
- Parcerias público-privadas, oferecendo benefícios fiscais em troca de apoio a projetos tecnológicos.
- Criação de um fundo patrimonial (endowment), para garantir financiamento contínuo.
Leia aqui o último artigo de Antônio Mesquita:
Impacto Esperado
A experiência de Lisboa oferece um modelo claro: a combinação de tecnologia, infraestrutura e planejamento estratégico pode transformar economias regionais. Na Amazônia, a UEA pode se tornar um polo de referência global em bioeconomia e IA, criando soluções que preservam a floresta enquanto promovem desenvolvimento socioeconômico.
Vamos em frente
A revolução da inteligência artificial é mais que uma oportunidade e a certeza de maior produtividade; é também uma imensa responsabilidade. A UEA tem a chance de se posicionar como líder dessa transformação, trazendo para a Amazônia o mesmo espírito inovador que transformou Lisboa e que está mudando as relações no planeta. O futuro da região depende de nossa capacidade de usar a tecnologia como ferramenta de preservação e progresso.
Como vimos no Web Summit 2024, o mundo não será mais o mesmo. Cabe à UEA garantir que a Amazônia também acompanhe essa mudança, liderando um futuro onde inovação e sustentabilidade andem lado a lado.
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora
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