Segundo lideranças envolvidas no evento, a participação ativa dos povos indígenas nas discussões climáticas e a valorização de seu protagonismo nos discursos e decisões é essencial para o sucesso da COP30
A presidência brasileira da COP30 e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançaram, nesta quinta-feira (10), o Círculo dos Povos Indígenas durante o Acampamento Terra Livre, em Brasília — o maior encontro de mobilização indígena do país, que também contou com a presença de etnias de nações vizinhas.
Esse é o primeiro de uma série de círculos temáticos que serão apresentados pela presidência da COP30 em áreas estratégicas da conferência. O objetivo do Círculo é garantir participação ativa e central dos povos originários nas discussões climáticas, estabelecendo uma ponte direta com a liderança da conferência.

“A presidência da COP e o governo brasileiro estão com as portas absolutamente abertas aos povos indígenas. Queremos que essa seja a primeira COP em que lideram o combate à mudança do clima”, afirmou Ana Toni, CEO e diretora-executiva da conferência.
Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, atentou para o compromisso de diminuir o desmatamento e falou da importância da nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil. “Quero agradecer aos povos indígenas porque eles nos ensinam a como lidar com os recursos naturais sem destruir a floresta, a biodiversidade, os rios, os peixes e tudo que a natureza nos oferece”, acrescentou.

Inclusão dos povos indígenas em debates essenciais
Também foi anunciada a criação da Comissão Internacional Indígena, que reunirá representantes de organizações indígenas brasileiras e internacionais. A iniciativa será coordenada pelo Ministério dos Povos Indígenas, sob a liderança da ministra Sonia Guajajara, que também estará à frente do círculo temático da COP.
Segundo a ministra, a comissão terá participação ativa em espaços internacionais estratégicos, como o Fórum Permanente sobre Questões Indígenas da ONU, o Caucus Indígena, a Plataforma de Povos Indígenas e Comunidades Locais, a Aliança Global dos Povos Indígenas para os Direitos e o Desenvolvimento, além de representações da Bacia Amazônica e do movimento indígena brasileiro.

“Teremos indígenas em diversos espaços de debate, os que estarão participando, diretamente, na zona verde, junto com a Cúpula dos Povos, que o movimento está articulando. Teremos os indígenas credenciados na zona oficial e teremos os que estarão participando com os negociadoras”, afirmou Guajajara durante o evento.
“Queremos que todos os que estiverem lá entendam que a resposta somos nós. Todo mundo fala do planeta, da floresta, da água, das mudanças do clima, mas todo mundo esquece que quem mantém vivo o planeta são os guardiões da floresta. Então, nessa COP, o que a gente mais precisa é que as pessoas compreendam, entendam, e reconheçam a importância que é a vida dos povos indígenas para o planeta. E não queremos outros falando de nós, esperamos que nós mesmos possamos falar sobre nós, a nossa terra e a nossa floresta”, defendeu a liderança do povo Karo Arara.
“Sempre fomos os maiores diplomatas do mundo, sabemos dialogar com pessoas de diversos locais e é por isso que a COP30 tem que usar a nossa diplomacia indígena para que a gente possa alcançar o nosso objetivo”, acrescentou ainda a presidente do Fórum Permanente Indígena da ONU, Hindou Oumarou Ibrahim.