A perda de biodiversidade, ou a diminuição da variedade de organismos vivos, está emergindo como o principal impulsionador de doenças infecciosas em todo o mundo. Esta é a principal conclusão de um estudo abrangente conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos e publicado na prestigiada revista científica Nature.
Um olhar profundo sobre a pesquisa
O estudo, liderado pelo biólogo Jason Rohr, professor da Universidade Notre Dame, tem implicações significativas para a saúde pública global. Em um comunicado, Rohr destacou a importância do trabalho: “Este estudo é particularmente importante porque sabíamos que as doenças infecciosas estavam aumentando e que os seres humanos estavam modificando profundamente o ambiente, mas não sabíamos quais fatores de mudança global mais aumentavam ou diminuíam as infecções e em que contextos. Portanto, os esforços de controle de doenças eram parcialmente cegos”.
Metodologia e análise
Rohr e sua equipe reuniram e analisaram um vasto conjunto de dados, com três mil observações extraídas de literatura científica escrita em oito idiomas diferentes. Para a meta-análise, os pesquisadores procuraram termos como “doença”, “parasita” e “patógeno”, combinando-os com cinco fatores de mudança global: mudanças climáticas, perda de biodiversidade, espécies invasoras ou espécies introduzidas, perda e mudança de habitat e poluição química.
Principais descobertas
Os resultados mostraram que, com exceção da perda e mudança de habitat, todos os fatores estudados contribuíram para o aumento das doenças infecciosas. A perda de biodiversidade foi identificada como o fator mais significativo. No caso específico da perda e mudança de habitat, o risco de patologias diminuiu devido à migração humana para áreas urbanas, que tendem a ter melhor saneamento público e menor presença de vida selvagem.
A pesquisa também comparou doenças humanas e não humanas, revisando quase 1,5 mil combinações hospedeiro-parasita. A análise abrangeu uma ampla gama de agentes patogênicos, incluindo vírus, fungos e parasitas, e hospedeiros como humanos, pássaros, moluscos e mamíferos.
Implicações para políticas públicas e saúde global
Os pesquisadores enfatizam que a redução das emissões de gases de efeito estufa, a gestão da saúde dos ecossistemas e a prevenção de invasões biológicas e perda de biodiversidade podem ser estratégias eficazes para diminuir a incidência de doenças em plantas, animais e humanos. Essas medidas, quando combinadas com melhorias nos determinantes sociais e econômicos da saúde, têm o potencial de reduzir significativamente o peso das doenças infecciosas.
Rohr alerta, no entanto, que “há provas consideráveis de que simplesmente inverter a magnitude dos fatores de mudança global pode ser insuficiente para neutralizar totalmente os seus efeitos”. Ele sublinha a necessidade de mais testes de intervenções direcionadas para remediar os fatores de maior prioridade identificados no estudo. Além disso, é crucial avaliar se a restauração dos ecossistemas pode ser uma alavanca eficaz para gerir doenças.
Contexto e relevância
Este estudo ganha ainda mais relevância à luz da pandemia de COVID-19, que ressaltou a interconexão entre saúde humana, animal e ambiental. A degradação ambiental e a perda de biodiversidade têm sido apontadas como fatores que aumentam o risco de surgimento de novas doenças infecciosas. A análise realizada por Rohr e sua equipe fornece uma base científica robusta para políticas que integrem a conservação da biodiversidade com a saúde pública.
Conclusão
A pesquisa realizada pelos cientistas da Universidade Notre Dame e publicada na Nature oferece uma visão detalhada e alarmante sobre como a perda de biodiversidade está impulsionando o aumento das doenças infecciosas globalmente.
As descobertas destacam a necessidade urgente de estratégias integradas que abordem as causas subjacentes da perda de biodiversidade e outros fatores de mudança global para proteger a saúde humana e ambiental.
*Com informações UM SÓ PLANETA
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