No Dia Mundial da Seca, ONU faz alerta global: secas já custam quase US$ 1 trilhão ao ano para o mundo, e devem piorar

Desde 2000, a frequência e a intensidade das secas aumentaram em cerca de 30%, ameaçando a segurança alimentar, hídrica e os meios de subsistência de 1,8 bilhão de pessoas

Secas prolongadas e extremas trazem impacto não só ambiental, mas também econômico. A perda é significativa: segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), a degradação custa quase US$ 880 bilhões à economia global anualmente.

Para levantar debates e ações práticas entre as nações, o Dia Mundial da Desertificação e da Seca, celebrado em 17 de junho, traz neste ano o lema das Nações Unidas: “Restaurar a Terra. Desbloquear as Oportunidades”. A data reforça o apelo para que a humanidade acelere as ações pela conservação do planeta. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o ritmo da degradação da terra é alarmante e que os prejuízos econômicos bilionários representam um valor significativamente superior ao necessário para combater o problema.

Seca e incêndios na Amazônia se agravam com El Niño
Seca e incêndios na Amazônia se agravam com El Niño | Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace

Impactos da seca

Guterres ressalta que as secas estão forçando milhares de pessoas a abandonarem suas casas, e o número de deslocados atingiu seu nível mais alto em anos. Dados da ONU revelam que, desde 2000, a frequência e a intensidade das secas aumentaram em cerca de 30%, ameaçando a segurança alimentar, hídrica e os meios de subsistência de 1,8 bilhão de pessoas.

Reparar os danos causados à terra pelas estiagens prolongadas prevê múltiplos benefícios, como um elevado retorno sobre o investimento, redução da pobreza, geração de empregos e proteção do abastecimento de água. Além disso, espera-se melhorar a produção de alimentos, garantir o acesso aos direitos à terra e aumentar a renda, com atenção especial aos pequenos agricultores e às mulheres.

A meta é reverter a degradação e aumentar o financiamento para a restauração, inclusive por meio do desbloqueio do investimento privado.

Regiões brasileiras mais afetadas

Seca em Pauini, cidade do Amazonas, em setembro de 2024.
Seca em Pauini, cidade do Amazonas, em setembro de 2024 | Foto: Defesa Civil Pauini

Segundo reportagem da DW Brasil, o mapa de seca no Brasil revela uma situação generalizada, afetando praticamente todas as regiões do país. O cenário é especialmente crítico em estados que abrigam a Floresta Amazônica, como o Acre, partes do Amazonas e o norte de Mato Grosso.

Além dos impactos ambientais e sociais, a seca tem consequências diretas na economia brasileira, encarecendo a conta de energia elétrica. Isso ocorre porque o Brasil depende majoritariamente das usinas hidrelétricas, que são a fonte mais barata de eletricidade. Com a redução dos níveis dos reservatórios, o sistema elétrico precisa recorrer a formas de geração mais caras, aumentando os custos para os consumidores.

Perspectivas para quem vive da terra

Atualmente, dos cerca de 8 bilhões de habitantes do planeta, mais de 1 bilhão de jovens com menos de 25 anos vivem em países em desenvolvimento, especialmente em áreas diretamente dependentes da terra e dos recursos naturais para sua subsistência.

Uma das principais sugestões para apoiar esse grupo, segundo Guterres, é a criação de oportunidades de emprego no meio rural, com foco na ampliação do acesso ao ecoempreendedorismo e na disseminação de melhores práticas de uso sustentável da terra.

Os agricultores do Cafe Agroflorestal Apui produzem cafe preservando a floresta tropical. Foto Idesam divulgacao. e1625521929481
Os agricultores do Café Agroflorestal Apuí produzem café preservando a floresta tropical. Foto: Idesam/divulgação.

Acelerar o ritmo de implementação dessas medidas conservando a terra foi o tema dos 30 anos da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação completados em 2024. Na 16ª Conferência dos Estados Partes da Convenção, em Riad, Arábia Saudita, foi impulsionada o o envolvimento de jovens nas negociações. 

Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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