O cofre do apocalipse foi construído em 2008 e armazena o código genético de milhares de espécies vegetais, capaz de resistir a desatres globais como guerras nucleares
Também conhecido como “Cofre do juízo final” ou “Cofre do fim do mundo”, o propósito do banco genético Svalbard Global Seed Vault, localizado em uma montanha na Noruega, é apenas um: agir como um bunker de sementes e preservar a biodiversidade agrícola em caso de crises globais extremas. Nesta terça-feira (25), o local recebeu mais de 14 mil novas amostras de 21 bancos genéticos diferentes, com o objetivo de ampliar a lista de espécies disponíveis.
O cofre foi construído em 2008 com apoio da organização Crop Trust e armazena o código genético de milhares de espécies vegetais. Ele projetado para resistir a desastres globais, como guerras nucleares e os impactos das mudanças climáticas.

Entre as novas amostras recebeidas, estão 15 espécies do Sudão, com destaque para variedades de sorgo, uma planta essencial para a segurança alimentar do país. Cultivada há milhares de anos, o sorgo é altamente resistente à seca, tornando-se crucial para a adaptação às mudanças climáticas e a sobrevivência das comunidades locais.
“No Sudão, onde o conflito deslocou mais de oito milhões de pessoas e interrompeu a agricultura, essas sementes representam esperança”, afirmou Ali Babikar, diretor do Centro de Pesquisa e Conservação de Recursos Genéticos de Plantas Agrícolas do Sudão (APGRC), em comunicado. “Ao salvaguardar essa diversidade em Svalbard, estamos preservando opções para um futuro resiliente e com segurança alimentar, independentemente dos desafios que enfrentamos.”

O Brasil, país-sede da COP30, também contribuirá com o Cofre Global de Sementes de Svalbard, enviando uma grande coleção de mais de 3.000 variedades de arroz, feijão e milho. Além disso, serão depositados os “feijões de veludo” do Malawi, uma espécie importante para a agricultura sustentável e a medicina tradicional, reforçando a diversidade genética preservada no cofre norueguês.
“A rápida perda de diversidade genética no campo e a perda de diversidade em nossas dietas tornam a conservação e a acessibilidade mais importantes do que nunca”, observou Hidelisa De Chavez, da Universidade das Filipinas, acrescentando que a diversidade de culturas “é a espinha dorsal da agricultura em todo o mundo”.