Chocolate artesanal da Amazônia ajuda a manter floresta em pé e gerar renda para ribeirinhos

O sistema de cultivo adotado por Dona Nena para produção do chocolate artesanal valoriza a biodiversidade da Amazônia e fortalece o turismo regional na Ilha de Combu

No coração da Amazônia, uma fábrica de chocolate artesanal tem mudado a vida de comunidades ribeirinhas da Ilha do Combu, no Pará — tudo isso sem causar desmatamento. A iniciativa é liderada por Izete Costa, conhecida como Dona Nena, agricultora e empreendedora local, que transforma o cacau cultivado na floresta em renda e oportunidade sustentável.

O projeto, chamado “Filha do Combu”, começou de forma simples, no quintal de casa, e hoje se expandiu, fortalecendo o turismo regional e ganhando destaque dentro e fora do país com seu chocolate artesanal.

Chocolate artesanal da Amazônia ajuda a manter floresta em pé e gerar renda para ribeirinhos.
Chocolate artesanal da Amazônia ajuda a manter floresta em pé e gerar renda para ribeirinhos | Foto: Divulgação/Filha do Combu

“Quando eu comecei com esse trabalho, queria gerar renda e melhorar a qualidade de vida da minha comunidade, porque era muito difícil. Na época em que não tínhamos frutas, precisávamos sair da ilha para trabalhar na cidade. Hoje, conseguimos mudar isso”, contou Dona Nena à CNN Brasil.

O sistema de cultivo adotado por Dona Nena valoriza a biodiversidade da Amazônia. O cacau é plantado de forma integrada a outras espécies nativas, como açaí, cupuaçu e banana, preservando a floresta e evitando o desmatamento. Mas o impacto do projeto vai muito além da produção de chocolate: o crescimento do turismo impulsionado pela valorização local já beneficia mais de 60 restaurantes na Ilha do Combu.

Além disso, foram criadas duas cooperativas de barqueiros para atender ao aumento de visitantes, gerando emprego e fortalecendo a economia comunitária.

Com a aproximação da COP30, que será sediada em Belém, a trajetória de Dona Nena e sua atuação na bioeconomia amazônica ganham ainda mais destaque. A conferência internacional sobre mudanças climáticas deve colocar no centro das discussões exemplos como o dela — iniciativas que mostram ser possível conciliar conservação ambiental com geração de renda e desenvolvimento sustentável para as comunidades da floresta.

“No começo, eu não sabia o que era bioeconomia, mas eu já fazia. Hoje, sei que o nosso trabalho pode ser um modelo para o mundo inteiro”, destacou.

Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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