Mais de 97% do lixo no Brasil ainda vai para o lugar errado – “lixo zero” busca mudar esse cenário

Dentre o lixo no Brasil, mais de 380 quilos de resíduos, incluindo alimentos estragados, plásticos e eletrônicos com componentes tóxicos foram gerados pelos brasileiros em 2023 e jogados no meio ambiente sem destino adequado

Mais de 380 quilos de resíduos, incluindo alimentos estragados, plásticos e eletrônicos com componentes tóxicos foram gerados pelos brasileiros em 2023. E muito desse material ainda acaba sem destinação adequada: atualmente, apenas 2,2% dos materiais descartados, que resultam de atividades humanas, são reciclados, segundo matéria da Agência Brasil.

Esse volume representa um enorme impacto ambiental, com sérios riscos ao planeta. Mas, diante das preocupações com o futuro, cresce um movimento positivo em direção à sustentabilidade — e ele começa com pequenas mudanças. O conceito de “lixo zero” tem ganhado força e propõe que todo resíduo descartado seja reciclável, reutilizável ou compostável, evitando ao máximo o envio de lixo para aterros ou o meio ambiente.

O conceito de "lixo zero" tem ganhado força e propõe que todo resíduo descartado seja reciclável, reutilizável ou compostável.
O conceito de “lixo zero” tem ganhado força e propõe que todo resíduo descartado seja reciclável, reutilizável ou compostável | Imagem gerada por IA

Um exemplo de protagonismo dentro do movimento lixo zero é o geógrafo e comunicador Gabriel Ferri, que usa sua página na internet para incentivar práticas simples de gestão de resíduos em casa.

“Eu acho que vale a gente se perguntar, por que a gente está consumindo? De onde a está consumindo? Quem está fazendo o que a gente está consumindo? Eu sei que às vezes é muito distante, mas fazer essas reflexões faz realmente a gente entender se é necessário ou não aquele consumo e a gente vai ter noção também do descarte daquele produto”, pontua.

Consumo de delivery de comida aumentou no Brasil a reboque da pandemia e com isso aumentou o consumo de embalagens plasticas. Foto Shutterstock
Mais de 97% do lixo no Brasil ainda vai para o lugar errado – “lixo zero” busca mudar esse cenário | Foto: Shutterstock

Segundo Ferri, um dos maiores entraves à correta destinação dos resíduos está na falta de conhecimento sobre o que pode ser reciclado. Ele destaca que muitas dúvidas surgem em relação a embalagens contaminadas com alimentos ou resíduos farmacêuticos. Exemplos comuns incluem embalagens de frango ou de mussarela, que acumulam gordura e são difíceis de limpar, sendo, portanto, pouco viáveis para reciclagem. “Provavelmente isso não vai ser reciclado. Mas vale a pena a gente higienizar essa embalagem pelo menos para destinar adequadamente”, recomenda o comunicador.

Metas pelo lixo zero

No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, estabelece diretrizes para uma gestão sustentável do lixo, incentivando práticas como a reciclagem. Em 2022, um decreto foi implementado para operacionalizar essa política, definindo metas como a eliminação de todos os lixões do país e o aumento do índice de reciclagem para 50% nos próximos 20 anos.

Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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