É o INPA que sabe responder a questões sobre a importância e a necessidade do bioma Amazônia para o Brasil e para o mundo. Infelizmente, sofremos a síndrome de vira-latas e damos créditos a determinadas instituições estrangeiras que, muitas vezes, vendem muito caro o naco que conseguiram capturar/compreender/compilar.
Por Alfredo Lopes e Estevão Monteiro de Paula
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Coluna Follow-Up
É preciso reinventar o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia! Este brado percorre os bosques do INPA, o maior centro de pesquisa tropical do planeta com um acervo monumental de informações capaz de fomentar um novo tempo na direção da bioeconomia sustentável. Para tanto, impõe-se uma interação institucional entre os segmentos afins da Ciência, Tecnologia e Inovação na perspectiva do mercado, emprego renda. Internamente, é aconselhável recriar o modelo de gestão da ação pública na região, dentro de um referencial interdisciplinar e interinstitucional que aproxime pesquisa e desenvolvimento num movimento incessante.
Reinventar é definir as premissas científicas e tecnológicas da produção de conhecimento na Amazônia e, principalmente, interagir com a alteridade social. Afinal, em qualquer relacionamento, um ator só passa a existir quando o outro o descobre, valoriza e possibilita a troca, a interlocução e a interação com objetivos comuns. Simples assim. Neste momento, em que se discute a escolha de uma nova diretoria para o instituto, mais uma vez, os servidores buscam estabelecer critérios e habilidades para um novo mandato. Como delegar poder aos representados se a força institucional foi corroída pelo orçamento esvaziado e pela ausência de um planejamento coletivo e interativo que definam metas, métricas e responsabilidades?
Ora, se o INPA precisa ser reinventado, a lógica exige mudanças neste formato intramuros para pontuar os requisitos da transformação. Isso não implica em ignorar ouvir depoimentos de quem não abandonou a nave, aqueles que ora carregam, heroicamente, a instituição, a despeito da ruína de seus recursos materiais, instrumentais e do cenário depauperado das condições de trabalho de quem ali atua. É bem verdade que alguns setores, com parcerias institucionais pontuais, são destacadas exceções.
Em qualquer contexto, entretanto, é preciso conquistar o envolvimento do tecido social para que seus gestores públicos acordem para a necessidade premente da investigação científica, o rumo do desenvolvimento que ela aponta e os requisitos de sustentabilidade para transformar o conhecimento em produtos. É preciso assegurar as condições de um novo mercado baseado numa economia que imita, protege e aproveita a diversidade biológica da natureza Amazônica.
O envolvimento da sociedade significa apresentar-lhe 70 anos de investigação rigorosa e vigorosa do INPA, uma jornada fecunda de informações que precisam ecoar com espírito de partilha entre potenciais parceiros decididamente dispostos a responder às demandas de emprego, renda, oportunidades e responsabilidade socioambiental. Responsabilidade compartilhada deveria ser este o espírito da Lei que, infelizmente, prioriza o proibicionismo em detrimento dos empreendimentos e benefícios que a ação verbal do fazer em conjunto deve ser declinada na primeira do plural.
No Repositório do INPA são encontrados em torno de 40 mil nomes de estudiosos e suas preciosas informações, ou seja, a devolutiva do produto científico como contrapartida do investimento em exercícios científicos no inventário desta biodiversidade sem fim. Quem duvidar desta robusta contribuição é porque frequenta o culto negacionista do conhecimento. Que seria da Amazônia sem o INPA, o grande artífice da construção de nossa identidade. Ou a floresta seria um Saara tropical a serviço da civilização predatória e inculta. E toda informação será poderosa na construção de uma sociedade livre quando gerenciada com sabedoria e propósitos calcados nos direitos civis.
É o INPA que sabe responder a questões sobre a importância e a necessidade do bioma Amazônia para o Brasil e para o mundo. Infelizmente, sofremos a síndrome de vira-latas e damos créditos a determinadas instituições estrangeiras que, muitas vezes, vendem muito caro o naco que conseguiram capturar/compreender/compilar. Sempre que os saberes creditados às instituições estrangeiras são submetidos ao aprofundamento científico é muito frequente a identificação dos pontos de partida em que se baseiam: ou são informações geradas no INPA ou seu autor passou frequentou a Instituição.
Senão vejamos: questões relacionadas à fauna amazônica estão sendo produzidas em grande escala no INPA. Se originam no INPA ou ali são validadas as comprovações. São geradas no campo, sua veracidade ocorre no mato, sempre amparada pelo suporte de mateiros, verdadeiros cientistas intuitivos que trazem a pulsação da floresta em seu portfólio genético. Não importa quem aprende e quem ensina num dado momento pois os trabalhos, temas, dilemas e problemas vibram e brotam num movimento sem fim.
Manejo e inventário florestal, a dinâmica do carbono, a troca de nutrientes e resíduos entre a floresta e a civilização devastadora que nem desconfia o tamanho dos benefícios desenvolvidos pelo INPA. Questões de doenças negligenciadas na Amazônia são objetos de investigação permanente e bem sucedidos mediante as demandas do tecido social.
É no INPA que ainda são validadas faz contraprovas dos testes feitos no Hospital de Doenças Tropical. Questões relacionadas à mudança climática pesquisadores do INPA fazem parte do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU). Cabe ao Instituto assegurar ou referendar a identificação de espécies animais e vegetais e suas relações com a natureza. Todos os trabalhos de Estudo e Relatório de Impacto são baseados na autoridade do INPA. A piscicultura da Amazônia foi desenvolvida pelo INPA, e se tornou uma matriz econômica distribuída por toda a Amazônia, com as melhores informações e conhecimentos. É no INPA que são produzidos os referenciais sobre biologia de água doce utilizados na piscicultura tropical no mundo inteiro.
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