“A tecnologia avança e nos encontramos em um campo aberto de capim seco. Temos duas opções: ou dominamos com pesquisa, desenvolvimento e inovação, ou ela vira uma cobra coral. WAHL*.”
Sandro Breval
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Revolução-relâmpago
Em 2011 surge, na Feira industrial de Hannover (Hannover Messe), a Indústria 4.0. Uma importante ação que se tornaria um instrumento de elevação do PIB industrial alemão, mas sobretudo um enorme desafio tecnológico. Como uma “Blitzkrieg” essa revolução-relâmpago tem impactado as organizações em todo o Mundo, com um conceito robusto de introduzir a tecnologia (inovadora ou não) no processo produtivo buscando melhores níveis de eficiência e produtividade, ou seja uma produção industrial conectada com processos mais rápidos (manufatura, logística, modelo de negócios, cultura) , além de agilidade e capacidade de mudanças em tempo real.
A revolução está na inovação de modelos de negócios, avançando na trilha produto-processo-serviço, no qual de um lado as empresas estão repensando seus produtos com introdução de valores digitais, e de outro a melhoria da planta fabril para atender um elevando nível de customização, mas com baixo custo. Para isso as plantas passam por uma robusta transição digital.
Na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos acontecem inúmeras iniciativas com diversas nomenclaturas, na França o “la nouvelle industrielle”, nos EUA “smart manufacturing” e na China “Made in China 2025“, o que elas tem em comum são as aplicações industriais orientadas para a melhor performance da manufatura, e algumas com enfoque em setores de alto valor agregado com absorção de serviços. Vale ressaltar que a participação da indústria no PIB , de alguns países industrializados, estava em queda livre, daí a necessidade de um reinvento do setor.
La nouvelle industrie ici
Em recentes pesquisas, no Brasil, apontam que as empresas que adotaram as tecnologias da indústria 4.0 apresentaram resultados superiores das demais empresas, e aquelas que integraram até três tecnologias digitais tiveram resultados superiores em termos de produtividade e lucratividade (2020), onde claramente vislumbra-se uma robusta correlação entre o uso das tecnologias e a lucratividade.
As indústrias possuem, dentre outros desafios, fabricar mais produtos com redução de custos, melhorar seus processos de forma sistêmica, personalizar sua linha de produção, e de fato o novo ambiente físico-virtual torna-se ferramenta importante. Para o entendimento deste novo ambiente serão necessárias novas competências e sobretudo uma cultura de inovação.
De maneira geral podemos considerar três fases: indústria automatizada, indústria digitalizada e indústria 4.0. A primeira focada na otimização do processo; a segunda busca por ganhos de eficiência da planta e a terceira ganhos escaláveis em toda a sua cadeia de valor. Portanto, ganhos na cadeia de valor representa sobretudo mitigar os riscos de perda de valor durante o processo de transformação de matéria-prima para produto acabado, com todas as suas fronteiras (internas e externas). Uma “fábrica inteligente” é acima de tudo uma fábrica com elevada interoperabilidade, que aliás é um princípio da indústria 4.0.
A indústria precisa rasgar-se e remendar-se**
Para deixar claro, não é apenas tecnologia, mas gestão e processo. A narrativa é que a Introdução de tecnologias (criando um ambiente físico-virtual), podem impactar o processo produtivo e portanto ampliando a capacidade de gestão com alcance em todos os atores de sua cadeia.
E aqui? Já começamos a revolução? Os relâmpagos já caíram? Existem várias iniciativas em diversos segmentos, inclusive com uso de tecnologias como internet das coisas, inteligência artificial, robôs e veículos autônomos. O que podemos perceber é uma transição para um novo modelo de negócios, que no caso do Polo Industrial de Manaus configura-se como uma oportunidade de nova matriz industrial.
Para que de fato os benefícios da indústria 4.0 sejam percebidos pelas organizações, é preciso entender onde estamos. Qual nível de maturidade e prontidão, quais são as lacunas existentes, quais ações devem ser tomadas.
Vermelho relâmpago***
Nas grandes empresas a realidade é de transição e de certa forma um domínio das tecnologias, já que muitas delas são multinacionais (indústria digitalizada), já nas pequenas e médias empresas (PME´s), o contexto é outro, encontram-se no início da indústria automatizada e em muitos casos longe disso. A tecnologia avança e nos encontramos em um campo aberto de capim seco. Temos duas opções: ou dominamos com pesquisa, desenvolvimento e inovação, ou ela vira uma cobra coral. WAHL.
* Do alemão: escolha, opção.
** Referência a Guimarães Rosa
*** Referência a Aníbal Beça
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