“Para o cientista Niro Higuchi, a maior autoridade mundial em dinâmica do carbono na Amazônia, basta sistematizar os conhecimentos já consolidados para provar que o Polo Industrial de Manaus é superavitário em sua contabilidade ambiental e na neutralização do carbono”.
Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
Insistentemente, o Amazonas tem convidado o Brasil para passear na floresta, sua economia e sua responsabilidade de reduzir as desigualdades entre o Norte e o Sul do Brasil. Desde quando a indústria local começou a oferecer seus produtos de alta qualidade e com tecnologia de classe mundial, foi-se expandindo a necessidade de demonstrar à opinião pública nacional – e aos países que aqui estão atuando através das empresas multinacionais, nosso compromisso ambiental de trabalhadores e investidores que atuam na Amazônia, um ícone da diversidade biológica considerado o Último Jardim do Mundo. Aqui esteve a mídia mundial e a representação do G-7, desde 1990, nos preparativos para a Conferência Rio 92, da ONU, sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, parlamentares representação da União Europeia, executivos da Organização Mundial do Comercio, entre outras celebridades. E em todos esses momentos, pôde-se anotar o reconhecimento e o aplauso da economia do Amazonas e sua inserção sustentável no universo maior da Amazônia. Só resta ao Brasil se permitir olha pra si mesmo coberto de mata, expectativas do abraço, com acertos por todos os lados.
Há dois anos, as entidades do Polo Industrial de Manaus se depararam com a necessidade premente de enfrentar um desafio sem precedentes na história recente da humanidade: uma pandemia provocada por um vírus que, em menos de dois anos, matou mais de meio milhão de pessoas no Brasil e muitos milhões de vidas foram perdidas pelo mundo afora. A pandemia ainda perturba a gestão pública e o setor privado do mundo inteiro e vai continuar exigindo especial atenção. No primeiro momento, março de 2020, as entidades do setor privado mobilizaram especialistas de todas as áreas para debater saídas e ajudar a salvar vidas e assegurar mecanismos necessários a sustentação da atividade econômica, fator de sobrevivência do tecido social. Nesse momento já estava aquecido o debate da reforma tributária no Congresso Nacional. Além de combater a pandemia, resguardar a sobrevivência econômica era preciso também assegurar a sobrevivência do programa Zona Franca de Manaus, de redução das desigualdades regionais, estruturado em mecanismos de política fiscal e compensação tributária. получить займ онлайн на карту.
Foram 20 conferências de cumplicidade e partilha de informações, sugestões, que criaram iniciativas que a História vai restaurar e aprender a velha lição, segundo a qual, a criatividade e o crescimento são crias da dificuldade e do sofrimento. E o que tem a ver tudo isso com a questão climática? Em dado momento, porém, foi preciso sistematizar um conjunto de argumentos capazes de demonstrar a importância do programa Zona Franca de Manaus, seus avanços e contribuições, tanto para região como para a integração do Amazonas o resto do país. Foi aí que voltou à tona componente ambiental de uma economia que faz 55 anos andar de braços dados com a fragilidade e potencialidades de nossa ecologia. Foi então que surgiu uma ideia de avançar na sistematização dos parâmetros socioambientais construídos em mutirão a partir do chão de fábrica.
Chegamos a cogitar a ideia de oferecer ao Congresso Nacional um movimento a partir da Amazônia – com objetivos, justificativas e metodologia – baseado nos acertos econômicos, sociais ambientais da Zona Franca de Manaus. Afinal, quem aqui desembarca reconhece a melhor política ambiental do Brasil, por seu desempenho no alto nível de conservação da cobertura vegetal, estimada em 95% da floresta original e todos os serviços ambientais que dai provém. Isso está em pauta e é objeto de debates e anotações relevantes em processo de sistematização.
O movimento aparece nas preocupações e prioridades de algumas empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus, que começam a prestar atenção no status de sua contabilidade ambiental. Já faz tempo que as entidades que as representam se movimentam para demonstrar a pegada de carbono dessa planta industrial fincada no coração da maior floresta tropical do planeta. Afinal, essa fatura e expectativa nos impõe o compromisso de evoluir na direção da pesquisa e desenvolvimento que possam demonstrar que a indústria do Amazonas ajuda a manter intacta 95% – um pouco mais, um pouco menos – da floresta nativa. Entretanto, chegou a hora de revelar como se dá essa equação entre geração de 100 mil empregos e floresta em pé? Além dos empregos e de financiar integralmente a Universidade do Estado do Amazonas, presente nos 62 municípios do Estado e recolher meio bilhão de reais a cada ano para programas de ciência, tecnologia e inovação, como a indústria do Amazonas protege suas florestas? Essa resposta costuma ser repassada para os cientistas/pesquisadores locais.
Em tempos da sigla ESG, Enviromental and Social Governance, algo que fazemos há tempos, mas esquecemos de batizar, resta-nos organizar cientificamente como se desenrola este novelo de sustentabilidade? É convincente a relação das empresas com o tecido social e com este meio ambiente florestal tão sofisticado, frágil e vigiado pelo olhar celestial dos satélites, chamado Amazônia? Temos que parar para, coletivamente, detalhar os avanços e legados dessa modulação que nos compete gerenciar e propiciar que o Brasil a conheça.
Para o cientista Niro Higuchi, a maior autoridade mundial em dinâmica do carbono na Amazônia, basta sistematizar os conhecimentos já consolidados para provar que o Polo Industrial de Manaus é superavitário em sua contabilidade ambiental e na neutralização do carbono. Higuchi liderou há 8 anos um projeto que reuniu as 32 universidades do mundo inteiro que mais tem-se dedicado aos estudos da mudança climática, financiados pelo governo japonês através da Universidade de Tokyo. Ele estará amanhã, nos Diálogos Amazônicos , da Fundação Getúlio Vargas, retomando uma tarefa que vai comprovar o programa Zona Franca de Manaus como o maior acerto socioambiental e de redução das desigualdades regionais da História da República.
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