O Fundo JBS pela Amazônia, idealizado pela multinacional brasileira de proteína animal, anunciou hoje (2) que seis projetos envolvendo várias cadeias produtivas e plataformas de acesso a crédito e consultoria receberão R$ 50 milhões. Os primeiros projetos escolhidos têm foco na conservação e preservação da floresta, melhoria da qualidade de vida das comunidades locais e desenvolvimento científico e tecnológico da região. O aporte total, de R$ 250 milhões, será empregado em cinco anos. Mas a meta é levantar R$ 1 bilhão em recursos até 2030.
“Os projetos que receberão os recursos irão desenvolver a bioeconomia da floresta, ajudando a agregar valor aos produtos naturais, e contribuindo também com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico”, afirma Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia.
A organização acolheu cerca de 50 ideias. Dez iniciativas foram convidadas a fazer pré-projetos, depois analisados pelo comitê técnico composto por 11 integrantes indicados por institutos de pesquisa e organizações do terceiro setor.
As seis primeiras iniciativas trabalharão uma ampla gama de atividades no bioma. A implantação de sistemas agroflorestais, que transformam locais de cultivo e pecuária em áreas que absorvem carbono, irá ocorrer por meio da adoção de práticas agrícolas regenerativas. As cadeias do pirarucu e do açaí serão fortalecidas por investimentos em certificação da produção, agregação de valor no processamento e capacitação em gestão dos negócios comunitários.
No caso das startups de bioeconomia. elas receberão investimentos e mentorias, como na liberação de crédito para pequenos agricultores. Outra ação junto à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) também está prevista para o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que visem aumentar o valor de produtos da floresta, como açaí, cacau, mandioca, castanhas, frutas e pescados. A previsão é criar 30 startups de bioeconomia e outros 20 empreendimentos comunitários serão alavancados. No total, os projetos devem beneficiar cerca de 16 mil famílias com a geração de empregos, e a estimativa é que a renda dessas comunidades cresça até 144%. Já a participação feminina e de jovens nos negócios comunitários deve crescer 30% a partir das iniciativas.
“Um dos nossos focos foi apoiar projetos que valorizem quem está na sua base das cadeias da floresta, como os extrativistas, indígenas e outras comunidades tradicionais que gerenciam os negócios comunitários”, diz Andrea Azevedo, diretora de programas e projetos do Fundo. A Amazônia concentra a maior biodiversidade do mundo. São mais de 5 milhões de quilômetros quadrados de florestas, que abrangem nove estados brasileiros, num bioma onde vivem mais de 20 milhões de pessoas.
Confira o que são os projetos escolhidos:
RestaurAmazônia: desenvolvido pela ONG Solidaridad, com apoio do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), o projeto terá cinco anos para implantar em 1.500 pequenas propriedades sistemas agroflorestais que integram pecuária, agricultura e floresta, em 75 mil hectares.
Programa Economias Comunitárias Inclusivas, nas Comunidades de Bailique e Beira Amazonas, no Amapá: será fortalecida a cadeia do açaí na região e em três anos deve promover ampliação da renda de 240 famílias locais, além da consolidação de um modelo de bioeconomia inclusiva, que pode ser usado para outras cadeias. Estão previstas a construção de fábrica própria para produção de polpa; a ampliação do portfólio de produtos de maior valor agregado; a elaboração de plano para liofilização do fruto, o que diminui custos da cadeia logística; além da construção de escolas e qualificação de jovens e mulheres para atuarem na atividade.
Projeto Pesca Justa e Sustentável: desenvolvido pela Asproc (Associação dos Produtores Rurais de Carauari), fortalecerá a cadeia do pirarucu, com a compra de uma embarcação para processamento do pescado e estudo de viabilidade para construção de uma indústria de processamento. Também estão previstas capacitação e consultoria para as associações pesqueiras da região do Médio Juruá (AM). O projeto terá dois anos e deverá beneficiar 450 famílias, residentes em 55 comunidades ribeirinhas.
AMAZ (Aceleradora & Investimentos de Impacto): a primeira aceleradora amazônica de negócios com foco no impacto socioambiental de negócios da floresta. Comandada pelo Idesam (Instituto de Desenvolvimento da Amazônia), a Amaz fomentará a aceleração de 30 startups em cinco anos que serão apoiadas por um fundo com recursos filantrópicos e investimentos privados, além da capacitação e mentoria nos negócios.
Alavancagem de crédito para as cadeias da floresta: o Instituto Conexões Sustentáveis testará uma metodologia de trabalho que vai, em dois anos, ajudar a liberar crédito para pequenos agricultores das cadeias de valor da castanha, açaí, pescados, madeira, óleos e resinas. Serão contratados e treinados 25 ativadores locais para ajudar pequenos produtores e 15 cooperativas também receberão consultoria.
Parceria Técnica com a Embrapa: a iniciativa irá desenvolver pesquisas e tecnologias para aumentar o valor dos produtos da floresta, com inovações para alimentos plant-based, matérias-primas e insumos feitos a partir de nanofibras vegetais. Também estão previstos programas para reduzir emissões no campo, como a implantação de integração lavoura, pecuária e floresta, e para o desenvolvimento de tecnologias renováveis.
Fonte: Revista Forbes
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