É consenso que não devemos destruir a floresta, mas isso está longe de ser unanimidade. Então, de maneira simples, faz todo o sentido manter mecanismos de proteção.
Augusto César Barreto Rocha (*)
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Continuando reflexão da última semana, nenhum de nós possui as respostas sobre o futuro ideal para a Amazônia. Há alguns consensos mínimos como a necessidade de ter cuidado e zelo com ela. Não há um mapa do que fazer. Nos resta pegar nossas bússolas e começar a trilhar este caminho, pois a eterna crise do Brasil poderá ser transcendida com este recurso único, que nos diferencia largamente de qualquer outro cantinho da Terra.
Mecanismos de proteção
É consenso que não devemos destruir a floresta, mas isso está longe de ser unanimidade. Então, de maneira simples, faz todo o sentido manter mecanismos de proteção. Sabemos que não conhecemos muito sobre a floresta e a sua biodiversidade. Então vamos estudando aos poucos e em um século ainda saberemos pouco, mas muito mais do que hoje, se este conhecimento for organizado em propósitos.
A Pesquisa Básica é fundamental para a construção de produtos, ao contrário do que pensam os não cientistas. Ciência deve ser liderada por cientista. Cozinha deve ser liderada por cozinheiros. Empreendedorismo deve ser liderado por empreendedor. Misturar papeis é o que tem levado a derrocada todas as iniciativas perversas e de insucesso vinculadas com a região. Precisamos de empresários, apoiados por cientistas, muito capital, liberdade, muito trabalho e tempo.
Brasil do Ódio
Para fazer uma retomada comercial, em Hudson Yards, em Nova York, em um polígono de 11 hectares, foram investidos US$ 25 bilhões associado a isenções fiscais. Por qual razão não temos a audácia de fazer um pacote de isenções fiscais e facilidades, por 30 anos, em Zonas de Desenvolvimento da Biodiversidade? Minha proposta é abrir cinco regiões do Amazonas para este projeto, correndo o risco de dar certo ou dar errado. O Brasil do Ódio pode continuar como está, mas no Amazonas poderemos ter o Brasil do Amor, pois todos dizem amar a Amazônia. Como faremos, com amor pelo Amazonas e pela Amazônia, o desenvolvimento responsável da região?
Zonas Econômicas Especiais
Em 08/05/1945, os EUA noticiavam em jornais o desafio que era concorrer com o algodão brasileiro e celebrava acordo conosco. Precisamos construir uma liderança na região, para atender ao interesse nacional de qualquer matiz ideológico. Nada como uma crise, para nos dar a coragem para ficar melhor. Uma região que pode abrigar diferentes Zonas Econômicas Especiais, com abertura para investimento estrangeiro e um conjunto de infraestruturas necessárias ao movimento econômico.
Startups com base em bionegócios
Atração de recursos privados e criação de um ecossistema de startups com base em bionegócios, suportados pela rede de Universidades e Institutos de Pesquisa e por novas infraestruturas de transporte. Esta mistura tem tudo para dar certo. Só falta um elemento: a confiança para atrair inteligências e recursos. Este me parece o maior limitador da Amazônia e do Brasil. Como confiar na estabilidade regulatória de alguém que nunca teve estabilidade? Este é o maior desafio da região: nos falta estabilidade de regras atrativas. Voltarei ao assunto na próxima semana.
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