“Com a segunda semana da COP30 prestes a começar, negociadores avaliam que o Mapa do Caminho será um dos pontos centrais da fase decisiva do encontro”
Belém (PA) — No sábado, 15 de novembro de 2025, último dia da primeira semana da COP30 — a primeira Conferência do Clima realizada na Amazônia — o Brasil apresentou ao mundo uma das propostas mais ousadas e simbólicas da história recente das negociações climáticas: o Mapa do Caminho para o Fim dos Combustíveis Fósseis.
A proposta, articulada pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, convoca todos os países a assumirem oficialmente, ainda na COP30, o compromisso de abandonar petróleo, carvão e gás, inaugurando uma rota global de convergência rumo a energias limpas e sustentáveis.
Uma proposta que ecoa além da diplomacia
Mais do que um texto negociado, o Mapa do Caminho nasce como um prenúncio do Acordo da Amazônia — um novo marco global que, dez anos após o Acordo de Paris, busca transformar metas em implementação concreta.
Segundo Marina, “chegou a hora de cumprir o que já foi decidido”. A proposta vem ganhando apoio: ao menos seis países da Europa, África e América Latina já sinalizaram adesão ao mandato internacional pelo fim dos fósseis.
A Amazônia como centro moral e político da transição
Realizada pela primeira vez no coração da maior floresta tropical do mundo, a COP30 transformou a Amazônia de objeto de debate em sujeito político do futuro climático do planeta.
Para especialistas, o Mapa do Caminho simboliza essa virada histórica: a Amazônia deixa de ser um “problema ambiental” e passa a ser bússola, referência e laboratório vivo da transição energética justa.
A proposta estabelece as bases de um processo global que envolve:
• substituição progressiva dos combustíveis fósseis por energias renováveis;
• metas claras de descarbonização;
• justiça climática para os países e povos mais vulneráveis;
• compromisso mútuo para acelerar a transição;
• reconhecimento do papel estratégico dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
Uma corrente planetária pela vida
O Mapa do Caminho também chega carregado de simbolismo. É apresentado como uma rota que não apenas reorganiza sistemas energéticos, mas reconecta humanidade, floresta e responsabilidade compartilhada.
A proposta inspira a formação de uma “corrente planetária” de solidariedade — uma aliança entre ciência, tecnologia, saberes tradicionais, juventudes e governos para garantir que a energia renovada da Terra seja repartida com todos os seres vivos.
Com a segunda semana da COP30 prestes a começar, negociadores avaliam que o Mapa do Caminho será um dos pontos centrais da fase decisiva do encontro. Se aprovado, poderá se tornar um marco histórico capaz de redefinir o destino climático, ambiental e civilizatório do planeta