Indígenas na Cúpula da Amazônia: repensando economia e natureza

A Cúpula da Amazônia, agendada para 8 e 9 deste mês em Belém, promete lançar luz sobre a necessidade de compreender a perspectiva dos povos indígenas. O objetivo? Viabilizar atividades ambientalmente sustentáveis que garantam a subsistência das comunidades locais, incluindo comunidades indígenas. A representante internacional da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Ângela Kaxuyana, esclarece que isso exigirá um entendimento de conceitos fundamentais.

Redefinindo a economia

O conceito de economia para os povos indígenas é muito mais amplo e pouco compreendido por aqueles que veem a economia puramente em termos monetários. Para as comunidades indígenas, a economia é vista como base para uma qualidade de vida que garanta a segurança de vida. Eles veem recursos naturais e o aproveitamento desses recursos, como o artesanato, o extrativismo da castanha e da farinha, como riquezas pouco valorizadas, mas essenciais para sua existência.

Cúpula da Amazônia
Foto: WWF SUISSE

A mesma extensão se aplica ao conceito de “floresta”. Para os povos indígenas, a floresta não é apenas árvores em pé, mas um todo, incluindo o que está inserido nela do ponto de vista cultural e espiritual. Essa perspectiva tem suas raízes na sabedoria ancestral e nos conhecimentos tradicionais, que são essenciais para a preservação das florestas.

Reconhecendo os guardiães da floresta

A importância dos povos indígenas na proteção da floresta e na manutenção do equilíbrio climático é enfatizada. Não se pode planejar o futuro da Amazônia sem considerar os povos indígenas e garantir seus direitos territoriais.

Um evento prévio à Cúpula da Amazônia, o Diálogos Amazônicos, foi organizado para formular sugestões para a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região. A conversa inclui representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e outros países amazônicos. Os resultados dos debates serão apresentados na Cúpula.

Kaxuyana ressalta a necessidade de envolver todos que vivem na Amazônia nas discussões sobre o futuro da região, não apenas indígenas, mas também quilombolas, extrativistas, ribeirinhos. Ela reitera que discutir o futuro da Amazônia sem a presença e a participação dessas comunidades não terá sucesso.

A Coiab e sua missão

Fundada em 1989, a Coiab é a maior organização indígena regional do Brasil e tem como missão defender os direitos dos povos indígenas à terra, saúde, educação, cultura e sustentabilidade. A organização busca a autonomia dos povos indígenas por meio de articulação política e fortalecimento de suas organizações.

A Cúpula da Amazônia e os Diálogos Amazônicos são passos importantes na direção de uma maior compreensão e reconhecimento da importância dos povos indígenas e suas visões para o futuro sustentável da Amazônia.

*Com informações da Agência Brasil

Redação BAA
Redação BAA
Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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