O investimento visa um trabalho conjunto entre Estados brasileiros, agricultores e comunidades locais vender créditos de carbono associados à preservação da Amazônia
Em meio ao registro recorde de altas temperaturas, capaz de levar a Amazônia a tornar-se um emissor líquido de carbono, um investidor internacional anunciou no último dia 22 uma parceria com duas organizações sem fins lucrativos para arrecadar um valor inicial de US$ 1,5 bilhão (R$ 9 bilhões) destinado à proteção da Amazônia. A iniciativa busca trabalhar em conjunto com Estados brasileiros, agricultores e comunidades locais.
Batizado de “Corrida para Belém”, em referência à cidade que sediará a COP30 em novembro, o projeto tem como objetivo vender créditos de carbono associados à preservação da maior floresta tropical do mundo, incentivando a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável na região.
O investidor responsável pelo projeto é Keith Tuffley, apoiado pela casa de comércio suíça Mercuria. “O consenso é que o envolvimento do setor privado é agora mais importante do que nunca. A urgência de enfrentar os desafios climáticos só aumentou, e a Corrida para Belém destaca isso ao buscar investimentos privados transformadores”, disse Tuffley à Reuters de Davos durante o Fórum Econômico Mundial na cidade.
Impacto financeiro
Essa iniciativa prevê a doação de US$ 1 em capital inicial para os estados brasileiros a cada tonelada de créditos de carbono comprados. No entanto, o impacto financeiro esperado é muito maior, já que o valor da tonelada de carbono será negociado e poderá alcançar centenas de milhões de toneladas. A implementação ocorrerá em fases ao longo de três a cinco anos.
Os créditos emitidos serão classificados como Redução Jurisdicional de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (JREDD+). Segundo M. Sanjayan, diretor executivo da Conservação Internacional (CI), organização envolvida na parceria, essa abordagem cria oportunidades para reverter os fatores econômicos que impulsionam o desmatamento na Amazônia.
“Este será um ano sísmico para o futuro da Amazônia. Temos a chance de olhar para trás e ver a trajetória da proteção da Amazônia em duas épocas distintas: pré e pós-COP30”, declara ele.