“A Amazônia pode ser a maior aliada do mundo no combate às mudanças climáticas. Mas, para isso, precisamos agir antes do ponto de não retorno — transformando o risco em oportunidade, o colapso em inovação e a floresta em futuro”
A Amazônia encontra-se hoje diante de uma encruzilhada preocupante. O mais recente relatório científico – com os maiores destaques da comunidade científica do Brasil – alerta para a iminência de um ponto de inflexão em que mudanças graduais no clima e no uso da terra podem desencadear transformações abruptas e irreversíveis no ecossistema amazônico.
Trata-se do que os especialistas chamam de ponto de não retorno: o momento em que a floresta perde sua capacidade de regeneração e dá lugar a paisagens mais áridas, menos biodiversas e incapazes de sustentar os serviços ambientais que beneficiam tanto os amazônidas como o Brasil e o mundo .
Os sinais desse extremo climático já estão à vista. O aumento das temperaturas, a ocorrência de secas mais severas, a degradação florestal, os incêndios recorrentes e o avanço do desmatamento minam a resiliência da Amazônia.
As consequências não são abstratas: atingem a segurança hídrica e alimentar, pressionam a saúde pública, afetam a infraestrutura e comprometem o modo de vida de milhões de pessoas. O colapso do sistema florestal não é um tema distante da economia — é uma ameaça concreta à estabilidade nacional e à capacidade de o país sustentar a própria soberania .
Às vésperas da COP 30, que acontecerá em Belém, o Brasil tem a responsabilidade de apresentar soluções reais para evitar essa transição irreversível. A ciência é clara: precisamos conter o aquecimento global, zerar o desmatamento, adotar alternativas sustentáveis para o uso da terra e implementar sistemas de monitoramento e alerta precoce. Mas, acima de tudo, precisamos oferecer à sociedade amazônica uma perspectiva de desenvolvimento que não seja sinônimo de devastação.
É aqui que a indústria da floresta assume papel central. Diferente da exploração predatória que empurra a região ao abismo climático, a indústria da floresta propõe uma economia que produz riqueza a partir da floresta em pé. Significa desenvolver cadeias produtivas da bioeconomia, investir em pesquisa e inovação, valorizar o conhecimento tradicional e criar empregos de qualidade que mantenham a juventude amazônica conectada com o futuro.
O setor eletroeletrônico, que o SINAEES representa, conhece como poucos a força transformadora da indústria. Foi essa indústria que estruturou o Polo Industrial de Manaus, criou soluções de infraestrutura, gerou arrecadação e possibilitou que o Amazonas tivesse um dos maiores índices de formalização de emprego do país. Agora, esse mesmo setor tem condições de ser ponte entre tecnologia e natureza, entre ciência e soberania, entre a floresta e o mundo.
Mutirão regenerativo: plantar o futuro
Na véspera da COP30, o empresário Denis Benchimol Minev, que representa o setor produtivo na Conferência, apresentou uma proposta que traduz em ação a urgência desta década: um mutirão regenerativo para a Amazônia. O plano é ousado — regenerar 50 mil hectares por ano com sistemas agroflorestais, formar 10 mil empreendedores e atrair R$ 50 mil de investimento por hectare, com retorno de 120% no mercado de carbono.
A meta é clara e ambiciosa: transformar a Amazônia em credora ambiental do mundo, provando que o carbono pode ser ativo econômico e financiar cadeias da bioeconomia com benefícios diretos às comunidades locais.

Se a floresta é um laboratório vivo, as cidades amazônicas são campo de desafios urgentes. Denis defende que a inovação tecnológica seja aplicada para resolver problemas de mobilidade, saúde e infraestrutura urbana — de canoas autônomas a barcos voadores, de startups locais a parcerias com BNDES e a Finep. A mensagem é inequívoca: ciência e tecnologia podem transformar o cotidiano amazônico e devolver dignidade às populações antes invisibilizadas.
No NeoSummit COP30, Denis foi categórico: “O sucesso da COP não pode ser medido em novembro, mas em dez anos, quando tivermos empresas amazônicas de reflorestamento e agricultura regenerativa abrindo capital na B3.” Sua visão sintetiza o espírito que deve nos mover: pensar além da bioeconomia clássica e propor um modelo que integre conhecimento, inclusão, infraestrutura e justiça climática.
O que Denis defende é mais que uma agenda empresarial, é um projeto de país — no qual o setor privado assume protagonismo e pavimenta o caminho para uma Amazônia próspera e plural, com a floresta em pé.
A Amazônia pode ser a maior aliada do mundo no combate às mudanças climáticas. Mas, para isso, precisamos transformar o risco em oportunidade, o colapso em inovação e a floresta em futuro.