“Aos leitores e parceiros do Brasil Amazônia Agora, oferecemos este documento como bússola e compromisso. A Amazônia fala por meio destas palavras — e convida governos, empresas, movimentos, universidades e cidadãos a fazerem o mesmo. Esta não é apenas uma carta política. É um plano de sobrevivência com rosto, história e direito de dizer basta”
Um Marco Histórico para o Planeta e uma Encruzilhada para a Humanidade
Pela primeira vez na história, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — a COP30 — acontecerá dentro da própria Amazônia, no coração do território onde pulsa a vida planetária. Será em Belém do Pará, em 2025, que o mundo terá a oportunidade (ou a última chance) de ouvir quem sempre cuidou da floresta sem precisar destruí-la para existir.
Nesse contexto, os Povos Indígenas da Bacia Amazônica e de todos os biomas do Brasil lançaram um documento monumental, claro em seus princípios, firme em suas exigências, legítimo em sua autoridade. Trata-se de um pacto ancestral e geopolítico, redigido em múltiplas vozes mas com um único propósito: manter a Amazônia viva é manter o planeta de pé.

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O que o Documento Exige — e por que Isso Importa
A “Declaração Política dos Povos Indígenas para a COP30” vai além das palavras. Ela delineia, com precisão e sabedoria, uma arquitetura climática justa, ancorada em seis eixos fundamentais:
- 1. Reconhecimento e proteção plena dos territórios indígenas, sobretudo os de Povos Isolados e de Recente Contato (PIIRC), como ação climática.
- 2. Financiamento direto e respeito à autonomia financeira dos povos originários.
- 3. Representação com poder de decisão nos espaços internacionais, com governança indígena autêntica.
- 4. Segurança de lideranças e defensores da floresta como pilar das políticas ambientais.
- 5. Reconhecimento dos sistemas de conhecimento indígena como ciência viva e estratégia de mitigação.
- 6. Declaração dos territórios indígenas como zonas livres de atividades extrativas.
Esses pontos não são pedidos. São princípios de justiça climática. E o que está em jogo não é apenas o futuro dos povos indígenas — é o futuro da humanidade.
Mura’watã: A Floresta Tem uma Voz
Para representar os valores e a visão desse documento, inspirados na cosmovisão do povo Sateré-Mawé, nosso portal passa a adotar a figura simbólica de Mura’watã — a Voz da Floresta, um personagem que carrega em si a sabedoria dos tempos antigos e a urgência das novas gerações. Mura’watã não fala por ninguém, mas amplifica o que os povos originários vêm dizendo há séculos: a crise climática não é só um problema ambiental — é o resultado de escolhas políticas que negam a Terra, apagam saberes e perpetuam violências.
Um Chamado Editorial: De Escuta, Engajamento e Posicionamento
Aos que defendem a Amazônia nos fóruns internacionais mas ignoram suas vozes locais, Mura’watã responde: “Sem nós na mesa, o tratado é silêncio. Sem nossos territórios, o clima é colapso.” Aos que celebram a COP30 como vitrine sem torná-la trincheira, esta declaração é uma convocação: Não basta sediar. É preciso ceder lugar. Não basta consultar. É preciso obedecer às vozes da floresta.
Aos leitores e parceiros do Brasil Amazônia Agora, oferecemos este documento como bússola e compromisso. E convidamos todos — governos, empresas, movimentos, universidades e cidadãos — a fazerem o mesmo. Esta não é apenas uma carta política. É um plano de sobrevivência com rosto, história e direito de dizer basta.
Seguiremos Juntos — com a Floresta de Pé e os Povos em Pé de Igualdade
O portal Brasil Amazônia Agora se compromete a seguir divulgando, traduzindo e amplificando os sentidos profundos desta declaração — nas redes, nas reportagens, nos vídeos e nas campanhas. Não como quem “apoia”, mas como quem se alinha. Afinal, o mutirão climático não se faz com slogans — se faz com território, reparação e coragem. Como diz Mura’watã, em sua língua viva de raízes e futuro: “Enquanto governos investem em guerra, nós investimos na vida. A resposta somos nós.”