Utilizando castanha-do-brasil, óleo de pau-rosa e extratos de guaraná, pesquisadores da UEA promovem saúde e sustentabilidade com inovação tecnológica para produzir um protetor solar
A exposição constante da pele à luz solar, radicais livres e contaminantes exige cuidados adequados. Esta percepção tem impulsionado o mercado de dermocosméticos de maneira impressionante. O aumento do interesse dos consumidores em rotinas de skincare e a preferência por produtos premium, tidos como de maior qualidade, têm criado uma caracterização ainda maior neste mercado.
A indústria cosmética mundial ainda utiliza insumos sintéticos na imensa maior parte de sua produção. No entanto, a incorporação de componentes naturais em cosméticos não apenas promove a saúde e o bem-estar dos consumidores, mas cada vez mais mostra que pode atender a soluções de questões ambientais.
Este mercado gigante estima chegar a US$445.98 bilhões (R$2.429 trilhões) até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 6,1% de 2024 a 2030. E vem identificando uma demanda crescente de produtos oriundos da biodiversidade e que exerçam práticas sustentáveis em suas cadeias produtivas.
Iniciativa sustentável
Com essa perspectiva, pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), instituição inteiramente financiada pelo Polo Industrial de Manaus) estão criando um protetor solar que utiliza matérias-primas da Amazônia como a castanha-do-brasil, o óleo de pau-rosa e extratos de guaraná.
Esse protetor solar é uma emulsão fitocosmética, o que significa que seus ingredientes ativos são derivados de plantas. O objetivo é oferecer um produto que seja amigável ao organismo e ao meio ambiente.
O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e liderado pela professora Patrícia Melchionna, doutora em Engenharia Química, junto com o mestrando Juliano Camurça. Esse esforço surgiu do edital “Universal Amazonas” de 2019, que visa apoiar projetos inovadores no interior do Estado.
Uma colaboração foi estabelecida com a empresa D’Amazônia Origens, localizada em Maués, que fornece sementes de guaraná e óleo de castanha-do-brasil para a pesquisa. De acordo com Juliano, o guaraná é o componente chave da emulsão, graças às suas propriedades fotoprotetoras e antioxidantes, que protegem a pele contra os radicais livres e o envelhecimento.
“A nanotecnologia permite que esses ativos sejam liberados na segunda camada da pele de forma prolongada, aumentando sua eficácia”, explicou Juliano.
Tecnologia de nanotecnologia
A pesquisa utiliza a técnica de nanoencapsulação, que envolve proteger os ingredientes ativos em cápsulas nanométricas feitas de lipídios ou polímeros. Essa abordagem faz parte do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNANO) e é realizada em parceria com o Instituto Federal do Amazonas (Ifam).
Continuidade de projetos
Este projeto é uma extensão de pesquisas anteriores da professora Patrícia, que focaram na utilização de plantas amazônicas para criar bioprodutos de alto valor. Tais iniciativas beneficiam economicamente as comunidades de Maués e do Amazonas.
“Plantas amazônicas têm propriedades que são altamente valorizadas pela indústria cosmética. O guaraná possui ação antioxidante, enquanto o óleo de pau-rosa é conhecido por suas propriedades antimicrobianas”, destacou a professora Patrícia.
Os pesquisadores estão empenhados em lançar o produto no mercado em breve, com a meta de criar um protetor solar eficaz e sustentável que atenda às expectativas dos consumidores e respeite o meio ambiente. Este projeto exemplifica como a combinação de inovação tecnológica e recursos naturais da Amazônia pode resultar em soluções cosméticas sustentáveis e benéficas.
*Com informações Revista Cenarium, e da Grande View Research
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