O universo de produtores rurais no país é extremamente representativo, atingindo, atualmente, cerca de 5,1 milhões de propriedade rurais familiares e não familiares. Este público apresenta uma grande carência de gestão no pequeno negócio rural. Essa deficiência vai desde a dificuldade para formalização do negócio e a falta de competências técnicas qualificadas para o processo produtivo até a gestão propriamente dita do negócio, evidenciando fragilidades em controles técnicos e gerenciais, uso de indicadores, estratégias de mercado, entre outros.
Vale ressaltar que em um momento de instabilidade econômica, muito em função da pandemia do Covid-19, o agronegócio vem se mostrando mais uma vez como uma alternativa promissora para a transformação do cenário nacional. A expressiva contribuição nas exportações, os resultados representados pelo Produto Interno Bruto – PIB do setor, a quantidade de empregos gerados no campo e o fomento ao empreendedorismo rural por meio das várias políticas governamentais são poderosos aliados para o desenvolvimento e crescimento da economia.
A missão do Sebrae tem por propósito contribuir com a competitividade e sustentabilidade dos pequenos negócios dos diversos setores econômicos, além de apoiar o fortalecimento da economia nacional e assegurar a construção do Sebrae que o Brasil precisa. A instituição busca apoiar, a partir da Unidade de Competitividade e seu Núcleo de Agronegócios, com distintas estratégias para promover a inclusão produtiva rural, o desenvolvimento territorial e a bioeconomia, com dinamização econômica de segmentos representativos do setor frente a riqueza da biodiversidade do País.
A atuação no agronegócio, mais especificamente, em ações voltadas ao aumento da produtividade, o incremento da inovação e tecnologia e o acesso diferenciado a mercados visando aumento da competitividade, considera ainda o aprofundamento nos desafios e oportunidades na bioeconomia, no uso sustentável dos recursos naturais e nas especificidades de cada tipo de empreendimento, comunidade e território que fará parte da iniciativa. Isso demanda olhar estratégico sobre temas transversais, tais como:
- Viabilização da oferta de soluções de inovação, seja pelo Sebraetec ou pela inserção em redes de serviços tecnológicos existentes na localidade (ex. centros de pesquisa, universidades, Embrapa), incluindo aquelas específicas de produtividade;
- Curadoria e oferta adequada de soluções voltadas à gestão e acesso a mercados (aproximação ou promoção), com visão de rede, de modo a compartilhar de boas práticas de unidades competentes, de outros estados ou de outras iniciativas do próprio estado;
- Redução da lacuna de competitividade de pequenos negócios do setor de agronegócios em relação ao mercado comprador, mapeando-se os requisitos do cliente, seja ele B2C, B2B (pequena ou grande empresa), B2G ou exportação;
- Realização de inteligência setorial e territorial (Redes de Inteligência, dados e informações aplicadas), acompanhando as tendências de mercado, o movimento do setor e dos segmentos em todos os níveis da competitividade;
- Priorização de estratégias digitais, dada a potencialidade das AgTechs e outros perfis tecnológicos compatíveis com o agronegócio, bem como oportunidades relacionadas à cooperação e inserção tecnológica em cadeias de valor;
- Promoção da gestão por indicadores, adequando a metodologia à realidade do segmento ou perfil de empresário a ser trabalhado, se for o caso;
- Incentivo às Indicações Geográficas e Marcas Coletivas, voltando-se especialmente à abertura de mercado, e aumento de competitividade daquelas já existentes, além do reconhecimento e valorização desses produtos pelo consumidor;
- Atuação em certificação de produtos e processos, focando em aumento de qualidade e competitividade, bem como diferenciação;
- Garantia de adequação às legislações sanitárias vigentes e antecipação àquelas em fase de implantação, visando manter os pequenos negócios em condições de acesso a mercado;
- Incentivo à valorização dos produtos tradicionais, regionais, artesanais e típicos, com foco em mercado;
- Estruturação de planos de desenvolvimento setorial, governanças setoriais, dentre outras ações voltadas a articulação da cadeia produtiva e aumento da competitividade em nível estrutural e sistêmico;
- Fortalecimento dos pequenos negócios rurais no atendimento às exigências de grandes empresas.
Cabe destacar que esses tópicos não visam esgotar as oportunidades transversais de atuação, mas ilustram os diferentes olhares que podem ser contemplados nas iniciativas, e resumem alguns dos principais detalhamentos que constam nos segmentos priorizados.
As frentes de atuação estratégica devem ter o papel colaborativo de aproximar as pessoas, as instituições, sejam nacionais ou locais com o propósito de inclusão de social e tecnológico e promoção do desenvolvimento territorial.
Neste sentido pode se citar algumas estratégias que o Sebrae tem realizado e que proporcionam o encontro de resultados de forma ampla.
Agentes Locais de Inovação Rural
Estratégia de atuação que visa ampliar o extensionismo tecnológico no campo por meio da disponibilização de bolsistas de inovação rural que possuem o grande desafio de implementar junto ao empresário rural ferramentas/instrumentos/estratégias de inovação junto a cinco dimensões do negócio rural: melhoria de processos produtivos, redução de custos, controles gerenciais, marketing e vendas e novos produtos durante um ciclo de 8 meses em 10 encontros com o empresário.
Agronordeste
Programa de intensificação de ações de fomento a melhoria da gestão, inovação e acesso a mercado que visam, além de proporcionar a disseminação de tecnologias de convivência com seca em regiões do semiárido, também contribuem na preparação do pequeno negócio ao acesso a mercado, a adequação aos requisitos legais da formalização e na busca de autonomia do pequeno produtor e sua família no aproveitamento das oportunidades de geração de renda, desenvolvimento sustentável e promoção de produtos com agregação de valor.
Programa Juntos pelo Agro
Programa executado em parceria com o Sistema CNA/Senar que visa aumentar a competividade dos pequenos negócios rurais com a implementação de ações em cadeias produtivas estratégicas com atuação de complementariedade entre as instituições em todo o país com fomento ao acesso a mercado na cadeia de valor.
Esta parceria estratégica contribuirá para a organização do pequeno empresário, a implementação de metodologias adequadas ao perfil do público-alvo do Agro, o aumento da eficiência produtiva, comercial e agroindustrial, o fortalecimento do cooperativismo, o processo de internacionalização, a promoção da produção artesanal e o empreendedorismo no campo. Importante registar que este conjunto de benefícios já ocorrem nas atuações estaduais de forma parceira contudo a parceria nacional proporcionará o aumento de escala no atendimento, visto o grande número de produtores e empresários rurais que necessitam de soluções para busca de melhores resultados, além da articulação da governança territorial em prol dos pequenos negócios rurais.
O Sebrae do futuro
O Brasil em 2022: seguir ou definir tendências?
Nestas décadas de vida, tenho acompanhado as previsões feitas por especialistas do mundo todo e do Brasil também. Como costumo brincar, ninguém tem bola de cristal. Algumas previsões se realizam e outras passam muito longe da realidade.
Em um contexto em que tudo muda cada vez mais rapidamente, com surpresas quase todos os dias, imaginamos que a definição de tendências – especialmente as econômicas – é tarefa cada vez mais desafiadora. Incertezas e o desconhecido parecem estar à espreita nos rondando o tempo todo.
De um lado, parece que precisamos, todos nós, evoluir em nossas competências para lidar melhor com o desconhecido, para poder reagir em tempo real e fazer as mudanças necessárias de forma quase instantânea e com muita criatividade.
Por outro lado, reagir é outra coisa. Agir independentemente, em vez de só “seguir tendências”, é radicalmente diferente.
Estes novos tempos nos mostram que precisamos também influenciar novas tendências. Sermos causa e não efeito.
No Sebrae, estamos buscando ser causa. Queremos nos tornar o Sebrae que o Brasil precisa. A partir desse norte, acreditamos que criaremos tendências, inclusive, por um tipo de multiplicação viral.
Tendências são definidas por ações desencadeadas por pessoas no âmbito local e global: lideranças de governos, de empresas, da sociedade civil e de cidadãos. Algumas dessas ações são positivas e voltadas ao bem comum. Outras são negativas e expressam movimentos que buscam o bem só de si ou de grupos de interesses. Há ainda as ações que são “neutras”. Provêm de pessoas que não fazem nada de prejudicial à sociedade ou ao meio ambiente, mas são omissas, acomodadas e “convivem” com os problemas ao redor como se fossem normais.
Precisamos de pessoas engajadas, que se importam com o estado do planeta, com o bem-estar da população e de todos os seres vivos. Essas são as pessoas que definem tendências que gostaríamos de ver em nosso país e no mundo.
Todos esses fatores com os quais nós, líderes, lidamos não são isolados. Estão sistemicamente interconectados. Assim sendo, requerem soluções sistêmicas. Ações integradas e interdependentes.
É por isso que no Sebrae buscamos cada vez mais atuar em rede. Atuar em parceria com a área pública, com a área privada e com a sociedade civil. Assim agindo – como em um grande mutirão – sairemos do “incremental”, fragmentado, isolado, solitário e iremos gerar verdadeiros saltos de patamar na evolução dos processos que visam o bem comum. Verdadeiros milagres serão obtidos e teremos um avanço sem precedentes: a resolução de problemas crônicos que carregamos há muito tempo no Brasil.
Moldando o futuro do Brasil
Ao refletir sobre a filosofia estratégica que estamos seguindo em nossa organização e sobre o nosso Norte (de criar o Sebrae que o Brasil precisa), posso, aqui, sintetizar a minha visão do que poderá moldar o futuro (inclusive econômico) de nosso país:
- Busca persistente da cura dos sistemas e efetiva solução de problemas crônicos de nosso país;
- Esforço conjunto do ecossistema formado por governos, empresas e sociedade civil para a criação e implementação de soluções para os problemas sistêmicos que temos no país;
- Descentralização radical da gestão do país, com maior empoderamento da ponta (onde a vida acontece). O Sebrae vem atuando fortemente junto a todas as prefeituras do país. O próximo passo estará na parceria com todas as comunidades de todos os municípios. Uma atuação em rede, com o digital rompendo todas as amarras burocráticas que nos prendem ao passado;
- Esforço conjunto com mutirões para a transformação cultural ampla em nosso país para resgate da ética e de valores na sociedade como um todo. Isso porque “sem ética, não é possível otimizar a economia”;
- Reposicionamento do país no mundo com a busca da contribuição do Brasil para a sustentabilidade e o bem-estar da humanidade e de todos os seres vivos do planeta. A ascensão da imagem do Brasil a um novo patamar contribuirá significativamente para alavancar a nossa economia pela atração de investimentos de qualidade, melhores condições de negócios etc.
Esse é o Brasil que vejo em 2022 e adiante. Esse é o jeito de o Sebrae ajudar a construir tendências para o futuro do nosso país.
Fonte: Fórum do Futuro
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