As medidas de distanciamento social adotadas pelo Governo do Estado, como a restrição ao funcionamento de comércios e serviços não essenciais, podem ter salvado pelo menos 2.500 pessoas em Manaus durante o pico da transmissão do novo coronavírus na capital. Os dados foram retirados da pesquisa realizada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e que apontam tanto as medidas de isolamento quanto o uso de máscaras e a melhoria no sistema de saúde como responsáveis pelo não aumento no número de mortes na capital.
O estudo “Curva de Contaminação Covid-19 no Estado do Amazonas” foi solicitado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), e teve colaboração de professores das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de São João del-Rei (UFSJ-MG).
A pesquisa utilizou duas metodologias. Uma delas levou em consideração o número de casos confirmados pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), e a outra analisou números de óbitos e sepultamentos realizados em cemitérios públicos de Manaus. Ambas obtiveram resultados parecidos, e as conclusões foram apresentadas ao Governo do Estado, por meio do Comitê de Crise.
Segundo o doutor Alexander Steinmetz, do Departamento de Matemática da Ufam, a pesquisa leva em conta a taxa de letalidade em relação à estimativa de pessoas infectadas (0,75%) e o tempo médio entre a exposição ao vírus e o óbito (18 dias). Os pesquisadores estimaram em cerca de 85 mil o número total de infecções ativas pelo novo coronavírus, em Manaus, até o dia 11 de maio deste ano.
Outro dado importante apresentado pelo pesquisador é de que pelo menos 2.500 pessoas deixaram de morrer da doença por conta das medidas de distanciamento social, aliadas ao maior uso de máscaras e às melhorias no sistema de saúde do Estado.
“A queda de óbitos recente, essa pequena luz no fim do túnel na primeira metade de maio, a gente acha que se deve em partes ao distanciamento social, fechamento do comércio, escolas, igreja e tudo que causa aglomerações”, afirmou Steinmetz. “A orientação para o uso de máscaras foi muito eficaz, segundo o nosso estudo, e também a melhora na capacidade de atendimento dos médicos nos hospitais, o aumento de leitos, melhor fluxo organizacional”.
Atualmente, a taxa de isolamento social em Manaus é de apenas 40%. Ainda que relativamente pequena, o pesquisador assinala que o cenário poderia ser muito pior se não tivessem sido adotadas medidas de restrição. “A gente viu 1.500 óbitos a mais em abril do que o normal. Se a gente não tivesse tomado as medidas, poderia ter visto facilmente ainda mais 2.500 óbitos em abril”.
Resultados foram divulgados, durante coletiva on-line, pelo pesquisador Alexander Steinmetz e a diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales.
Cenários futuros
Desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Amazonas, no dia 13 de março, o Governo do Estado implementou medidas de distanciamento social, como a suspensão do funcionamento de serviços não essenciais em todo estado, além do uso obrigatório de máscaras.
Após o primeiro pico da doença, os números de óbitos e internações diminuíram. Em uma simulação feita pela pesquisa, caso se mantenha a taxa de isolamento de 40%, Manaus deve ter uma estimativa de 60.000 infectados até o dia 31 de maio deste ano, com tendência de diminuição lenta de infecções. A taxa ideal para uma rápida diminuição no número de casos é de 60%.
Por outro lado, segundo os pesquisadores, o afrouxamento das medidas pode levar a um segundo pico da doença, com ainda mais internações e mortes.
“A gente tem um número alto de infectados neste momento, em torno de 85 mil indivíduos. São muitas pessoas portadoras da doença em Manaus nesse momento, e a gente tem baixo número de indivíduos recuperados, então a gente tá muito longe de alguma esperança de imunidade de rebanho”, afirmou Alexander Steinmetz. “Temos uma possibilidade real de novo pico de infectados e óbitos em junho se a gente afrouxar qualquer coisa nesse momento”.
Pesquisas no Estado
O estudo encomendado pela Fapeam tomou por base seus pesquisadores, seus currículos, áreas de atuação e trabalhou com pesquisadores doutores que já possuíam experiência na área de modelagem estatística.
A Fundação, responsável pelo amparo à pesquisa no estado e pelo fomento de pesquisas básicas, aplicadas e tecnológicas, está mantendo a organização dos trabalhos seguindo as normas do distanciamento social e continua promovendo o auxílio aos bolsistas. A diretora-presidente, Márcia Perales, assinala que as ações de pesquisa em torno da Covid-19 seguem sendo desenvolvidas no estado com o suporte da fundação.
“A gente tem pesquisadores excelentes no estado. Pesquisadores que têm não só reconhecimento no âmbito, regional, nacional, mas também internacional, e eles precisam ser apoiados para que sempre possam nos ajudar no desenvolvimento econômico e social do nosso estado. Estamos com essas atividades sendo desenvolvidas, e o que a Fapeam espera é que esses relatórios técnicos-científicos possam de fato ajudar nas decisões estratégicas do Governo do Estado para que nós sigamos o melhor caminho em relação a essa crise”, afirmou a diretora-presidente.
Acesse o estudo Curva de Contaminação Covid-19 no Estado do Amazonas
Por: Secretaria de Comunicação do Estado do Amazonas (Secom)
Fonte: Fapeam
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