O governo paralelo achou que queimar/desmatar a Amazônia seria um gesto de aliança ou bajulação do agronegócio […] O tal gabinete não dá trela a esses apelos científicos e tecnológicos, pelo contrário, despreza-os..
Por Alfredo Lopes e Maurício Loureiro
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A revista inglesa The Economist, reconhecidamente liberal e conservadora em seus editoriais, tem transformado o Cristo Redentor no ícone apocalíptico de suas pautas internacionais. Nesta semana, a estátua-símbolo do país e dos cariocas, traz um Cristo asfixiado pela falta de
oxigênio e de governança, classificando o presidente Jair Bolsonaro como ator decisivo pela década perdida, iniciada na gestão aloprada de Dilma Rousseff. A reportagem nada tem de novidade, a não ser para gestores públicos desavisados que não creem na ciência nem na tecnologia da comunicação e informação. O mundo está de olho no Brasil, particularmente na Amazônia, na transformação dos despossuídos socialmente em laboratórios perversos de teorias negacionistas e do liberalismo torto e submetido às ideologias do mandonismo verdeoliva.
As folias e tecnologias do látex
No caso dos ingleses, somos fregueses passivos de suas lições históricas de empreendedorismo na Amazônia com sua gestão sagaz de nossas potencialidades colocadas a serviço dos interesses da Coroa britânica. Em terra de cego quem tem um olho vira majestade, graças à
inércia administrativa que se mantém incólume desde a Manaus Harbour e suas folias no Ciclo da Borracha. Os ingleses fortaleceram seu império com a indústria e tecnologia do látex, e nós ficamos “parados, pregados na pedra do Porto”. Contra fatos e dados a argumentação fica
mais difícil. A lista dos descaminhos apontados pela reportagem é de quem observa com poderosas lupas de aproximação científica, o que dá a medida da importância que este país e sua floresta representam para o planeta.
‘A década sombria do Brasil’
A reportagem mostra os subprodutos do gabinete do ódio, uma engenharia digital a serviço do caos que divide o mundo entre bolsonaristas e os outros, jogados ao pavoroso inferno de Dante Alighieri. E conclui que, assim como Dilma, em 2016, Bolsonaro está na hora de sair, como diria o submundo da resistência, isto é pegar o beco entoando a cantiga do já vai tarde. Um governante que quer “destruir as instituições, não reformá-las”, e que “esmagou todas as tentativas” de uma exploração sustentável da Amazônia. E aí está o gargalo da questão. Os ingleses relutaram em abolir o carvão de sua matriz energética e precisavam chamar a atenção para as contribuições ambientais da Amazônia. A política ambiental deste governo, ao refutar a incoerência, fez tudo errado. O “Dia do Fogo”, já em 2019, é resultado do ódio ambiental e indígena que se produz e se espalha do tal gabinete. Daí os ensaios de destruição das reservas e das etnias amazônicas sob a desculpa de geração de riqueza para o Brasil garimpeiro de Jair Bolsonaro. Não é por aí. Mesmo que ninguém estivesse olhando.
“Ciência é coisa de comunista…”
O governo paralelo achou que queimar/desmatar a Amazônia seria um gesto de aliança ou bajulação do agronegócio. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina Dias, pressionada pelos líderes do segmento, precisou gritar aos quatro ventos que o Brasil não precisava de mais terra
desmatada e sim de tecnologia. A Embrapa transformou o Cerrado no maior orgulho do Brasil e têm sistemas de produção sustentável para inovação das commodities que atualmente sustentam o Brasil. O tal gabinete não dá trela a esses apelos científicos e tecnológicos, pelo
contrário, despreza-os..
”Desmoralização das Forças Armadas”
De costas para os alertas do general Villas-Bôas, para quem o Brasil trata a Amazônia como Colônia e seus habitantes como cidadãos de segunda classe, o governo das sombras, chamado por alguns de “filhocracia”, agrediu as Forças Armadas no início da gestão Bolsonaro. Depois,
com a adesão dos mais coerentes, especialmente daqueles oriundos do Comando Militar da Amazônia, invocaram a agenda do Exército para levar em frente o desmonte das instituições, tanto as diplomáticas como as ambientais entre outras. Por último, abriram as porteiras da
anarquia na instituição militar, com a exigência de impunidade de Pazuelo, que rasgou as normas e regulamentos das Forças Armadas. O precedente é preocupante e o país precisa de unidade para conter a ameaças às instituições, garantindo Lei, Ordem e Progresso ao seu povo.
“Está na hora de ir”
Fizeram de um general três estrelas, aprendiz de ministro da Saúde, um fantoche das drogas milagrosas empurradas por Donald Trump no deslumbramento bolsonarista. Levou induziu as Forças Armadas a aderirem e abençoar a não-gestão do general, deixando-o fazer do
Ministério da Saúde uma ‘boca de fumo’ (escrito em português e traduzido) para hidroxicloroquina” pela revista. Dizem que o general Charles de Gaulle jamais teria pronunciado a expressão “O Brasil não é um país sério”, entretanto, provavelmente, ele iria rever sua finesse diplomática se tomasse pé da situação em que este país se encontra. Por fim, registrando os riscos das iniciativas de tentar criar seu exército a partir da anarquia das Forças Armadas, a reportagem lamenta a ausência de um novo candidato que reúna o consenso das lideranças políticas mais representativas e destaca os acertos da política econômica de FHC e Lula. Em suma, a matéria reafirma que Bolsonaro está na “hora de ir” e que o futuro do País depende do resultado de 2022. Precisamos de prestar mais atenção…
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