Uma possível extinção das abelhas pelo uso de agrotóxicos pode levar à morte de plantas, herbívoros e carnívoros, gerando um desequilíbrio de ecossistemas
Já não é segredo que as abelhas estão em um cenário de risco devido a ação humana, especialmente pelos efeitos das mudanças climáticas. A aplicação inadequada de agrotóxicos tem sido um dos principais responsáveis pelas mortes de abelhas em massa: em 2019, Santa Catarina registrou a perda de 50 milhões de abelhas em menos de um mês, enquanto o Rio Grande do Sul perdeu cerca de 400 milhões em cerca de seis meses. Já em 2023, Mato Grosso contabilizou mais de 100 milhões de abelhas mortas, e, neste ano, Goiás reportou a morte de 9 milhões de abelhas.
As abelhas são fundamentais para a produção de alimentos, desempenhando um papel crucial na polinização de culturas agrícolas. Globalmente, mais de 75% das lavouras dependem, em algum grau, da polinização por animais, com as abelhas sendo as principais responsáveis. Esse serviço ecossistêmico é essencial não apenas para a formação de frutos, mas também para o desenvolvimento de sementes, que são a base de nossa alimentação.
Mesmo em casos onde a polinização pode ocorrer por vento, como com o morango, a polinização animal melhora a qualidade e a quantidade da produção. Contudo, a sobrevivência das abelhas está ameaçada, e suas populações têm diminuído globalmente, o que pode comprometer a segurança alimentar e a biodiversidade em um futuro próximo.
O impacto do uso de agrotóxicos na extinção das abelhas
Um estudo publicado na revista científica Springer Nature estima que o uso de agrotóxicos reduz a chance de sobrevivência das abelhas em quase cinco vezes. Mesmo quando sobrevivem, essas substâncias podem causar efeitos subletais, que trazem sequelas graves e prejudicam, assim, a polinização das lavouras.
Pensando em mitigar os riscos de extinção das abelhas, a implementação de práticas amigáveis aos polinizadores é uma alternativa eficaz para reduzir o uso de agrotóxicos e protegê-las. Uma dessas práticas é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que busca controlar pragas agrícolas através de métodos naturais, como o uso de predadores naturais, mantendo as populações abaixo do nível de dano econômico. A abordagem sustentável minimiza a dependência de agrotóxicos, ajudando a preservar as populações de polinizadores essenciais, como as abelhas.
Essa mudança é estratégica, pois a produtividade das culturas agrícolas está mais ligada à polinização do que ao uso direto de agrotóxicos. Assim, o uso de MIP e outras práticas sustentáveis não apenas protege os polinizadores, mas também favorece a qualidade e a quantidade das colheitas.
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