“A transição energética na Amazônia não é um ponto de chegada, mas um movimento contínuo. Ela exige mais investimentos, mais parcerias, mais ousadia e — sobretudo — mais respeito às realidades locais. Exige que se reconheça o saber tradicional como insumo estratégico e o sol como aliado eterno da justiça climática”
A luz que chega em Tumbira é também a luz da dignidade
A Amazônia sempre foi tratada como periferia energética do Brasil. Em Tumbira, a transição energética ganha rosto, nome e propósito amazônico” Milhares de comunidades isoladas viveram e ainda vivem sob o ruído e a fumaça dos geradores a diesel, herança de uma lógica ultrapassada e injusta. Mas uma nova era se anuncia, e com ela um novo paradigma se afirma. O sol nasce para todos, e na comunidade de Tumbira, no coração da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, ele agora também ilumina o futuro com baterias de sódio e vocação empreendedora.
Estamos falando da primeira usina fotovoltaica com armazenamento em tecnologia de sódio do Brasil, implantada pela UCB Power em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Um marco. Um símbolo. Uma conquista. E, sobretudo, um aplauso sonoro à inteligência que respeita o território e à engenharia que abraça a floresta .
Energia limpa com sotaque amazônico
Mais do que painéis solares (20 módulos de 375 Wp, somando 7,5 kWp), mais do que 38,4 kWh em baterias de sódio de última geração, o que foi inaugurado em Tumbira é um projeto de reconexão com a justiça social, energética e climática. A energia que chega acende mais do que lâmpadas: ativa sonhos, fomenta negócios, conecta escolas, refrigera vacinas e aquece esperanças.
A UCB Power, que já implantou mais de 60 mil sistemas em áreas remotas, mostra aqui sua aposta no protagonismo amazônico. A FAS, por sua vez, aporta sua experiência de quase duas décadas em educação comunitária, agora potencializada pelo Núcleo de Inovação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (Nieds) Agnello Bittencourt. Uma aliança poderosa entre técnica, propósito e afeto.

A Amazônia não quer favor, quer tecnologia
A Amazônia não é coadjuvante da transição energética. É protagonista. Aqui, a urgência não é retórica — é vivida. Cada hora sem energia é uma hora perdida de saúde, educação, renda. E é por isso que o avanço em Tumbira representa muito mais do que um feito técnico: é um sinal inequívoco de que a energia limpa pode ser também instrumento de soberania, inclusão e inovação.
Marcelo Rodrigues, da UCB Power, disse com precisão: “Acreditamos que a energia é uma habilitadora essencial de educação, alimentação, saúde e desenvolvimento.” Valcléia Lima, da FAS, completou: “É com soluções inovadoras e sustentáveis que promovemos dignidade e autonomia para as populações tradicionais da Amazônia.” São vozes que traduzem uma luta de décadas.
A luta continua, mas com aplausos no caminho
A transição energética na Amazônia não é um ponto de chegada, mas um movimento contínuo. Ela exige mais investimentos, mais parcerias, mais ousadia e — sobretudo — mais respeito às realidades locais. Exige que se reconheça o saber tradicional como insumo estratégico e o sol como aliado eterno da justiça climática.
Tumbira, com sua luz nova e seus sonhos renovados, é prova viva de que é possível. De que não precisamos aceitar o velho como destino. De que a floresta em pé pode muito bem ser também uma floresta energizada, conectada, produtiva e justa.
Aplausos para quem faz. Aplausos para quem não desistiu. Aplausos para quem não se contenta com o atraso imposto.