A preservação das Terras Indígenas e a adoção de novos modelos econômicos representam um compromisso inadiável com um Brasil mais sustentável e justo. Que possamos transformar desafios em oportunidades e construir, juntos, um futuro equilibrado e próspero para todos.
Por Rildo Silva
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A preservação das Terras Indígenas (TIs) da Amazônia tornou-se um referenc estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil, unindo interesses ambientais, sociais e econômicos. Em 2025, emerge uma oportunidade de transformar desafios históricos em soluções colaborativas e, sobretudo, em um modelo econômico que promova prosperidade com responsabilidade ambiental.
Estudos recentes do Instituto Serrapilheira revelam que as TIs são fundamentais para o ciclo das chuvas que irrigam 80% das áreas agropecuárias do Brasil, sustentando mais da metade da renda do setor agropecuário – equivalente a R$ 338 bilhões em 2021. Contudo, essa constatação exige uma reflexão profunda sobre o modelo econômico predominante na Amazônia, especialmente sobre a pecuária extensiva, frequentemente apontada como a opção menos eficiente e mais predatória para a região.
A Pecuária na Amazônia: limites e alternativas
Embora a pecuária extensiva tenha historicamente liderado a ocupação econômica da Amazônia, os avanços recentes na compreensão do bioma demonstram que ela é a alternativa menos produtiva e mais destrutiva para o desenvolvimento sustentável da região. Como destacou a recente análise do Grupo BBF, a Amazônia possui um potencial inexplorado em setores como bioeconomia, reflorestamento e agroflorestas regenerativas, que são economicamente mais viáveis e geram impactos ambientais positivos.
A pecuária, além de demandar grandes áreas desmatadas e ser menos eficiente em termos de geração de renda por hectare, contribui para emissões significativas de gases de efeito estufa. Alternativas baseadas na biodiversidade, como sistemas agroflorestais e produção de bioinsumos, oferecem caminhos mais alinhados aos objetivos climáticos e ao aproveitamento racional das riquezas amazônicas.
O papel das Terras Indígenas
Os “rios voadores” – correntes de vapor d’água geradas pela floresta – garantem a produtividade agrícola de estados como Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul, onde até um terço da precipitação anual é resultado direto do ciclo hídrico promovido pelas TIs. Essas áreas desempenham papel crucial como barreiras naturais ao desmatamento, representando apenas 3% da área desmatada na Amazônia entre 2019 e 2023. Isso evidencia que os povos indígenas são, de fato, os guardiões mais eficazes da floresta.
Avanços do agro sustentável
O agronegócio também começa a responder positivamente a essas constatações. Empresas e lideranças do setor têm reconhecido que o modelo de produção sustentável é o único caminho viável para assegurar a competitividade a longo prazo. Estratégias como investimento em bioeconomia, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e adoção de tecnologias limpas mostram que o setor está avançando para deixar para trás práticas de alto impacto ambiental.
Políticas públicas e colaboração
Para que essa transição se consolide, é imprescindível que governos, empresas e sociedade civil promovam políticas públicas que ampliem a demarcação das TIs e incentivem modelos econômicos de baixo impacto. A integração entre agroindústria, ciência e populações indígenas será determinante para enfrentar a crise climática e fomentar o uso inteligente dos recursos da floresta.
A transformação do setor agropecuário da Amazônia depende de um pacto que transcenda a mera exploração e estabeleça bases sólidas para o desenvolvimento sustentável. O futuro da região está na valorização de seus ativos naturais e na diversificação econômica, com protagonismo de iniciativas que mantenham a floresta em pé e gerem prosperidade.
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Uma nova realidade
Neste final de ano, graças a bancada parlamentar do Amazonas, seus técnicos e as entidades de classe da indústria, celebramos não apenas as conquistas, mas também a renovação de propósitos que nos guiarão em 2025. Que a conscientização sobre a importância das TIs e o abandono de práticas ultrapassadas, como a expansão predatória da pecuária extensiva, inspirem o Brasil a liderar o movimento global pela sustentabilidade.
A preservação das Terras Indígenas e a adoção de novos modelos econômicos representam um compromisso inadiável com um Brasil mais sustentável e justo. Que possamos transformar desafios em oportunidades e construir, juntos, um futuro equilibrado e próspero para todos.
Rildo Silva é empresário e presidente do SINAEES – Sindicato da Indústria de Aparelhos EletroEletrônicos e Similares e membro da Comissão ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.
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