Denis Minev defende uma nova consciência global baseada na floresta em pé, na ciência e na prosperidade compartilhada — o manifesto de Belém para a era climática.
Coluna Follow-Up
Há momentos em que o planeta parece suspenso entre o colapso e a reinvenção. A Amazônia é esse lugar — o espelho e o antídoto do nosso tempo. Daqui, onde a vida ainda pulsa em excesso, pode nascer a resposta civilizatória que o mundo busca: reflorestar a economia, repovoar o pensamento, reumanizar o progresso.
Na encruzilhada da história, Denis Minev emerge como uma voz que fala pela floresta e pela razão. Economista e empresário, leva à COP30, em Belém, um chamado que transcende a pauta ambiental: transformar a Amazônia de fronteira vulnerável em centro moral e científico da transição climática. Sua proposta éclara — e profundamente brasileira: a floresta em pé não é obstáculo ao desenvolvimento; é o modelo do futuro.

Belém, cidade das águas e das promessas, torna-se símbolo desse novo pacto. É dela que parte a mensagem que redefine o lugar da Amazônia no mundo: de ré a credora, de reserva a protagonista, de recurso a referência. Não se trata apenas de reflorestar áreas degradadas — trata-se de reflorestar consciências, economias e sentidos de pertencimento.
O desafio: curar a economia, não apenas o clima
O mundo está tentando salvar o planeta com as mesmas ferramentas que o adoeceram. Os fundos verdes crescem, as cotações de carbono se multiplicam, e as corporações anunciam compromissos líquidos de neutralidade — mas a lógica que rege esse sistema continua sendo a mesma: transformar o que é vivo em ativo.
A financeirização da natureza criou uma nova forma de extrativismo.
O minério de ontem virou o crédito de carbono de hoje; o mesmo capital que desmatou agora precifica a restauração. A floresta é medida por hectare, o ar por tonelada de CO2 e o futuro por volatilidade de mercado. É o mesmo jogo, apenas com novas fichas.
Para a Amazônia, essa equação é inaceitável. Como adverte Denis Minev, “não se trata de pedir ajuda, mas de oferecer parceria”. A Amazônia não precisa de doações — precisa de reconhecimento pelo serviço ecológico que presta ao planeta, e de instrumentos financeiros que reflitam o valor real de manter a floresta em pé. Isso exige uma nova gramática econômica, onde a natureza deixade ser precificada e passa a ser valorizada, e onde o tempo da floresta — paciente, cíclico, regenerativo — substitui o tempo especulativo dos mercados.

O antídoto amazônico: o Rematamento
O projeto Rematamento, idealizado por Minev, não é simplesmente uma proposta ambiental — é um modelo alternativo de civilização econômica. Ele parte do princípio de que a verdadeira restauração não é plantar árvores, mas replantar relações justas entre pessoas, territórios e saberes. Em vez de financiar grandes conglomerados para compensar suas emissões, o Rematamento defende investimentos diretos em comunidades locais, startups verdes e bioindústrias regionais.
A proposta substitui a lógica de retorno rápido por capital paciente, capaz de gerar prosperidade compartilhada, conhecimento científico e autonomia territorial.
Nessa perspectiva, a floresta em pé deixa de ser uma causa e se torna uma cultura — viva, produtiva e simbiótica. O carbono, nesse contexto, não é uma mercadoria, mas um elo de responsabilidade planetária. E o empreendedor amazônico, longe de ser beneficiário, torna-se agente da regeneração global.
Epílogo — O futuro será amazônico, ou não será sustentável
O tempo da Amazônia não é o tempo da Bolsa. Enquanto o mercado calcula lucros em segundos, a floresta leva décadas para ensinar o que é equilíbrio. Ela não produz pressa; produz permanência. E é dessa permanência que depende o futuro da humanidade.
Reflorestar a economia é o gesto moral do nosso século. É aceitar que a verdadeira inovação não está nos algoritmos, mas na fotossíntese; que a inteligência artificial é apenas uma pálida tentativa de imitar a inteligência vegetal da floresta, que gera vida, recicla matéria e compartilha energia sem hierarquia.
Amazônia é, portanto, o maior laboratório de futuro do planeta — e seus empreendedores, cientistas e comunidades são os engenheiros dessa esperança.
Denis Minev nos lembra que o desafio não é salvar a Amazônia, mas aprender com ela. É compreender que desenvolvimento não é acúmulo, é cuidado que gera prosperidade; que riqueza não é extração, é relação justa entre humanos e natureza.
Esse é o manifesto de Belém: uma nova consciência global baseada na floresta em pé, na ciência e na prosperidade compartilhada.
Por isso, o Brasil Amazônia Agora se une ao coro dos que acreditam que a floresta não é o fim do mundo — é o começo de outro. Um mundo onde economia e ecologia deixem de disputar território e passem a compartilhar propósito. Um mundo em que o verbo “crescer” volte a significar “florescer”
