A ideia é reduzir a normalização do uso de combustíveis fósseis e incentivar alternativas mais sustentáveis
Dentro da publicidade, os combustíveis fósseis estão sendo cada vez mais comparados ao tabaco devido à crescente pressão por sua proibição em campanhas de marketing. Essa nova tendência visa restringir não apenas a promoção direta de petróleo, carvão e gás, mas também a publicidade de empresas que utilizam esses combustíveis em larga escala, como companhias aéreas e montadoras de automóveis.
A proposta segue a lógica de saúde pública e proteção ambiental que levou à proibição de propagandas de cigarro em muitos países, incluindo o Brasil, desde 2011. A ideia é reduzir a normalização do uso de combustíveis fósseis e incentivar alternativas mais sustentáveis.

Um marco nesse movimento foi a cidade de Haia, na Holanda, que se tornou a primeira do mundo a proibir legalmente esse tipo de publicidade. A legislação foi aprovada em novembro de 2024 e entrou em vigor no início de 2025.
Desde então, a medida tem ganhado aderência internacional, com cidades e governos discutindo propostas semelhantes. O objetivo é claro: combater a crise climática também através da regulação da comunicação de mercado, limitando a influência de indústrias altamente poluentes sobre a opinião pública e os padrões de consumo.
Brasil ainda não participa do debate
As iniciativas para proibir a publicidade relacionada aos combustíveis fósseis estão ganhando força principalmente na Europa, com destaque para Holanda e Reino Unido. Um estudo publicado na revista Nature, que consultou cidadãos de 13 países europeus, mostrou que 46,6% são favoráveis ao banimento dessas propagandas, enquanto 28,4% se mantêm neutros e 24,9% são contrários.
Fora do continente europeu, apenas Austrália, Canadá e África do Sul têm adotado esse tipo de medida de forma efetiva. Já na América Latina, segundo a organização World Without Fossil Ads, nenhum país conseguiu ainda pautar o debate junto ao poder público. Segundo matéria da revista Galileu, com a proximidade da COP30 em Belém, é possível que o tema ganhe força junto a grupos da sociedade civil.

António Guterres, secretário-geral da ONU, já defende a proibição publicitária nesse meio, alegando que as empresas de combustíveis fósseis são “padrinhos do caos climático”. “Muitos governos restringem ou proíbem a publicidade de produtos que prejudicam a saúde humana, como o tabaco. Alguns estão fazendo o mesmo agora com os combustíveis fósseis. Peço a todos os países que proíbam a publicidade dessas empresas, e apelo aos meios de comunicação social e às empresas tecnológicas que parem de aceitar publicidade de combustíveis fósseis”, defendeu durante discurso em Nova York, em junho de 2024.