O Exército laranja: o novo New Atlantics?

Foto:Lightupdesenvolvimento

Sandro Breval (*)

Pinturas rupestres na impressora 3D

A selva arde e a sociedade atônita, e lerda, clama pela Amazônia. Enquanto isso, eles avançam sorrateiramente, de forma imperceptível, espreitam o verde e reluzem para um novo porvir. Quero deixar claro minha postura de observador, quase uma panóptica benthamiana, e também de pesquisador, mas realista.

A nossa capacidade de se comunicar, ou de criar simbologias específicas, com os nossos semelhantes propiciou a própria sobrevivência. As pinturas nas cavernas do sul da França nos remetem àquela realidade, onde homo sapiens, em grupo, buscavam caçar e tal cena nos mostra de um lado, a tecnologia encontrada por eles para o êxito da caçada, e de outro a própria cognição.

O fato é que saímos da caverna, e a tecnologia foi uma alavanca importante, para descobrirmos as inúmeras possibilidades da própria existência. Encontramos um mundo real cheio de oportunidades e desafios, e que certamente sedimentou a nossa própria espécie.

Um braço só

Com movimentos antro mórficos, conseguem reproduzir, de forma sinuosa e precisa, o que precisamos e ditamos. Obedientes na essência e fiéis no resultado. Fico pensando em Platão que outorgou que a tecnologia imita a natureza. Será? Para Aristóteles, a tecnologia a superava. O fato que a “techné” enquanto corpo de conhecimento associado a uma prática reluz sobre a vertente do pensamento ocidental. Mais produção!

Podemos, então, inferir que a tecnologia poderá nos superar. Nossa capacidade é limitada, e certamente o processo de mudança nos assusta, e sobretudo sua prontidão será cada vez mais radical e com altas rampagens.

Noz , Vós e Eles

O entendimento da infinitude interior deslocou o homem para novas terras, novas cavernas e novos desafios, não se bastava. E quando ele descobriu isso tornou-se dono de todas as coisas! É o que ele pensava. A história nos deu diversos exemplos de Shakespeare a Hawking – o universo em uma casca de noz, o universo dentro de si.

E a tecnologia, mais uma vez, corroborou para essa nova energia vital (Spinoza) , passamos a criar e construir a nossa própria realidade. Suficiência nunca mais. Busca infinita.

Mas o nadir existencial veio à tona: também tomamos consciência da finitude exterior e nesse momento percebemos que o tempo, de nossas vidas, é completamente independente de nossa vontade. Viramos uma takocracia com menos Kairós e a ditadura do Kronos.

E para maximizá-lo, mais uma vez a tecnologia tem nos ajudado a acelerar a nossa existência, ou melhor dizendo a tentativa de frear o tempo. Conseguimos nos integrar, interoperar e sobretudo virtualizar a vida.

Robô é o lobo do homem

Lembro de Rifkins  – fim dos empregos – que traz em si uma visão crítica de uma nova sociedade a ser constituída com inúmeros desafios, e um deles é o hiper individualismo, o mesmo visto em Hobbes, mas o lobo agora é  um robô.

Isso mesmo, um robô. Vestido de laranja, atento, forte, sútil e eficiente. Eu os vi em ação. Assustadores. Inúmeros movimentos por segundo, derrubam de forma fria e sem reclamar,  o tempo de ciclo.

No meu humilde panoptismo tudo aquilo torna-se um absurdo, um cipoal de cabos que parecem um decassílabo ditado. Mas como diria Tufic, a simplicidade equaciona tudo. Eles são simples.

Mesmo com um único braço estão construindo um novo caminho, sem volta, para um novo paradigma existencial, o papel do ser humano. Que não sabemos qual é, e sobretudo como será.

Caverna high tech

De dentro de nossa caverna, criamos outras cavernas, simulamos cavernas e até mesmo vivenciamos cavernas distantes. Antes as pinturas nas paredes, hoje as redes sociais. De forma panóptica vivemos. Precisamos enganar o tempo, mas ele é soberano, e o pior nos expulsa da caverna, e nos faz encarar uma realidade que, ao contrário do passado, não queremos vivê-la.

Propósito

Não conseguiremos equalizar, a finitude exterior com a infinitude interior, sendo preciso ter consciência da impossibilidade da completude existencial, e só tem um caminho ditado há pouco mais de 2000 anos.

Acredito que Viktor Frankl, quando pensou em propósito, gostaria de dar uma justificativa para o encontro dessa dicotomia da vida. Finito e infinito dentro de um só corpo. A caverna dele era um campo de concentração.

Artigo III – Fica decretado que estarão em todos os lugares

De toda a sorte eles já estão entre nós, e tal fato nos deve alavancar para um novo patamar social e econômico – sem fronteiras – e talvez com novos valores. No passado recente, tínhamos fábricas cheias de verde por todos os lados, e nós de branco pelo decreto de Thiago. No porvir, verde, cinzas e nós rodeados de laranjas.

Haverá girassóis?

Sandro Breval
Sandro Breval
Sandro Breval – Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestrado em Engenharia de Produção Pela Universidade do Amazonas (2009), Especialização em Gerência Financeira Empresarial e graduação em administração pela Universidade Federal do Amazonas (2000). Experiência em direção e gerenciamento no segmento industrial com destaque para Metal-Mecânico, em tecnologia da informação, atuando em implantação de ERP e automação bancária. Professor da Ufam. Especialização: Universidade de Chicago (EUA) Finanças e Políticas Públicas Insead (França) Gestão Estratégica, Wharton School (EUA) Strategy and Business Innovation, Insead (Madrid) Alta performance em Liderança

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