Cientistas descobrem que o aumento da concentração de CO₂ causado pelas mudanças climáticas pode prolongar permanência de lixo espacial em órbita e elevar risco de colisões dos satélites
Atualmente, quase 12 mil satélites orbitam a Terra, fornecendo serviços essenciais como internet, comunicação, previsão do tempo e navegação. No entanto, o aumento da concentração de CO₂ causado pelas mudanças climáticas pode comprometer a capacidade da atmosfera de eliminar detritos, prolongando sua permanência em órbita e elevando o risco de colisões dos satélites.
Segundo um estudo recente publicado na Nature Sustainability, a emissão de gases de efeito estufa a partir da queima de carvão, petróleo e gás pode reduzir o chamado “arrasto atmosférico” na alta atmosfera, ou seja, a força de fricção que ela exerce sobre um objeto que se move por ela – basicamente, a resistência do ar. Essa força faz com que detritos espaciais percam altitude e queimem ao reentrar na atmosfera.

Com o aumento da concentração de CO₂, a termosfera, camada mais quente da atmosfera, se torna menos densa, reduzindo a eficiência do processo natural de limpeza dos detritos espaciais. Como resultado, mais fragmentos permanecem em órbita por períodos mais longos, o que aumenta o risco de colisões.
Assim, a pesquisa, realizada por cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido, sugere que, até o final do século, a quantidade de satélites lançados com segurança poderá diminuir significativamente. Estima-se que a capacidade da órbita baixa da Terra para comportar satélites pode reduzir entre 50% e 66% até 2100, podendo chegar a 82% no pior cenário.
Futuro das missões espaciais
Os pesquisadores alertam para a possibilidade da “Síndrome de Kessler”, um fenômeno no qual colisões sucessivas entre detritos espaciais geram uma reação em cadeia, tornando a órbita baixa da Terra inutilizável para satélites e futuras missões espaciais.

Eles defendem que os lançamentos de satélites sejam planejados considerando a capacidade de longo prazo da órbita terrestre, a fim de evitar a saturação e reduzir os riscos de colisões.
Em paralelo, a conscientização sobre a sustentabilidade espacial é vista como essencial, pois o aumento descontrolado de detritos em órbita pode comprometer comunicações, navegação e pesquisas científicas, além de dificultar futuras missões espaciais.