Os moradores cultivam mudas de árvores nativas nas agroflorestas, como andiroba e castanheira, garantindo fonte de renda sustentável e fortalecendo tanto a preservação ambiental, quanto a autonomia indígena
Unindo saberes tradicionais e ciência, um projeto de reflorestamento na Amazônia tem contribuído para transformar o futuro do bioma. Desenvolvido pela comunidade Tatuyo, uma comunidade indígena de Manaus, a iniciativa recupera áreas degradadas e as converte em agroflorestas sustentáveis, unindo saberes tradicionais e ciência.
Com o apoio do projeto Reflora, realizado pelo Instituto Ipê, os moradores cultivam mudas de árvores nativas, como andiroba e castanheira, garantindo fonte de renda sustentável sem destruir a floresta e fortalecendo tanto a preservação ambiental, quanto a autonomia indígena, e assumem um papel central na preservação da floresta amazônica.

“Há muito tempo eu sonhava com isso, mas não tinha como buscar conhecimento. Hoje em dia, graças a Deus, esse sonho está sendo realizado. Eu coleto sementes, ando por onde me convidam, falo sobre reflorestamento, porque precisamos recuperar a Amazônia. Isso não é só para nós aqui, é para todo mundo”, diz Edmildo Yhepassoni, indígena da comunidade, em entrevista ao g1.
Segundo o coordenador executivo do projeto, Paulo Roberto Ferro, a iniciativa nasceu de uma demanda da própria comunidade, em busca de fortalecer a Reserva de Desenvolvimento Sustentável e ampliar a cadeia da restauração no Amazonas.
A escolha das espécies plantadas segue critérios técnicos, considerando o tipo de solo e as necessidades locais, desde o uso madeireiro até a produção de artesanato, garantindo um reflorestamento planejado e sustentável.

Desafios logísticos
O transporte de mudas para áreas remotas da Amazônia, tarefa essencial para o projeto, enfrenta grandes desafios logísticos devido à dimensão da região.
Segundo Paulo Roberto Ferro, levar as mudas até a última comunidade da Reserva Puranga-Conquista exigiu 6 a 8 horas de barco. Algumas espécies vieram de locais distantes, como Rondônia e a divisa com o Pará. “No futuro, a gente quer coletar e produzir as mudas aqui mesmo, reduzindo custos e garantindo espécies mais adaptadas”, completa Paulo ao g1.