“A recente transição de comando no Pacto Global da ONU Brasil após denúncias de assédio mostra o quanto as instituições estão sendo cobradas a alinhar discurso e prática.”
Coluna Follow-Up
“Mudança nem sempre é igual a melhoria, mas para melhorar é preciso mudar” dizia Winston Churchill, lendário premiê britânico. Enquanto a nova direção da Fiesp escancara o abismo entre discurso e prática ao nomear 130 homens e apenas 3 mulheres para sua cúpula, o CIEAM — Centro da Indústria do Estado do Amazonas — mostra, na prática, que governança industrial e equidade de gênero não são incompatíveis. Pelo contrário, são dimensões complementares de um modelo mais moderno, inclusivo e representativo de liderança. Não se trata apenas de “fazer diferente”, mas de fazer direito: com mulheres em posições estratégicas de comando, formulação e diálogo institucional.
A Semente Plantada: ABRH-AM e a Abertura Institucional
O marco simbólico dessa transformação começou com a abertura de espaço ao protagonismo da ABRH-AM (Associação Brasileira de Recursos Humanos – Amazonas) nas instalações e na agenda do CIEAM. Conduzida por lideranças como Kátia Andrade e Silvana Aquino, a associação promoveu, dentro do espaço industrial, uma série de discussões, programas e formações voltadas à qualificação da gestão de pessoas e à valorização da diversidade no ambiente empresarial. Mudanças desenhando a transformação com efetivas melhorias e avanços.
Encontro com Notáveis: Visões Femininas como bússola ética e estratégica
Outro eixo dessa caminhada é o programa Encontro com Notáveis – em processo de reconfiguração – que desde suas origens, sob gestão Mulher, firmou-se como espaço de diálogo qualificado com personalidades de diversas áreas — ciência, tecnologia, educação, cultura e indústria. A presença de grandes lideranças femininas nesses encontros não foi pontual nem protocolar: foi recorrente, propositiva e formadora.

Comissões Setoriais e Gestão: presença consolidada
No nível técnico e executivo, o CIEAM promoveu avanços ainda mais concretos: nos últimos anos, mulheres passaram a integrar seu Conselho e liderar comissões setoriais, como as de ESG, Recursos Humanos, Energia, Inovação, Assuntos Legislativos… assumindo protagonismo nas formulações e interlocução com o poder público, com instituições acadêmicas e com organismos multilaterais.
Enquanto uns avançam, outros dispensam oportunidades
A nova composição da Fiesp — uma das maiores entidades empresariais do país — é sintoma de um modelo de poder ainda ancorado em estruturas excludentes, apesar das pressões da sociedade e da reputação internacional em jogo. A recente transição de comando no Pacto Global da ONU Brasil após denúncias de assédio mostra o quanto as instituições estão sendo cobradas a alinhar discurso e prática.
O Desafio agora é expandir e consolidar
O compromisso com a equidade de gênero não se esgota em cargos ocupados ou eventos promovidos. Trata-se de uma transformação mais profunda, que passa por métricas, indicadores, políticas de RH, formação de lideranças e alianças com outras entidades da Amazônia e do Brasil. O CIEAM pode — e deve — se posicionar como referência nacional nesse processo, não apenas para o setor industrial, mas para todo o ambiente empresarial brasileiro. A presença feminina não é bônus: é condição de modernidade, justiça e eficácia. Em tempos de retrocesso em algumas das maiores entidades do país, o exemplo da Amazônia pode ser a luz que outros precisam seguir.