O papel cívico e estratégico das Forças Armadas na Amazônia: soberania, desenvolvimento e compromisso com o Brasil

Nos últimos tempos, o Brasil e o mundo assistiram com atenção renovada às ações das Forças Armadas na Amazônia. Frente a crises ambientais, ilícitos transfronteiriços e ameaças à soberania, a atuação do Comando Militar da Amazônia (CMA) evidencia um protagonismo silencioso, porém decisivo, na proteção dos interesses nacionais. De março até agora, operações simultâneas como a Curaretinga II, a Ágata, e outras ações de cidadania e proteção indígena vêm reafirmando o papel multifacetado dos militares na região: são guardiões da floresta, defensores da soberania e braços estendidos do Estado onde ele, muitas vezes, não chega.

A Operação Curaretinga, conduzida em todas as quatro Brigadas de Infantaria de Selva do CMA, gerou um impacto de R$ 59 milhões em apreensões e lucros cessantes do crime organizado, consolidando a importância do Exército no enfrentamento a crimes ambientais e no reforço da presença estatal em áreas remotas. Além do aparato repressivo, essas operações incluem ações de saúde e cidadania para comunidades indígenas, demonstrando o caráter integral da missão militar na Amazônia.

 Em paralelo, a Operação Catrimani II, voltada à Terra Indígena Yanomami, somou um prejuízo de R$ 345 milhões ao garimpo ilegal, o que reforça a capacidade de dissuasão das Forças Armadas frente à exploração predatória e ilegal da Amazônia. O desafio de atuar na Amazônia é, principalmente, com a integração territorial e civilizatória que supõe preparação, conhecimento e brasilidade de verdade. 

forçasarmadas na amazonia
Operação Catrimani

Não se trata apenas de proteger o território. A atuação do CMA se alinha a uma agenda mais ampla de desenvolvimento regional. A recente parceria entre o Exército, Marinha e o setor naval privado do Amazonas, articulada com apoio do CONDEFESA (Comitê da Indústria de Defesa), tem facilitado a contratação de militares recém-licenciados por empresas do Polo Industrial de Manaus. Essa iniciativa contribui para a reinserção profissional de jovens preparados, disciplinados e tecnicamente qualificados, e é um exemplo concreto da integração entre defesa e indústria.

Essa ponte entre o setor militar e o produtivo se insere em um cenário maior: o projeto Nova Indústria Brasil (NIB). Essa política nacional de reindustrialização, voltada à inovação e à sustentabilidade, poderá se beneficiar da articulação com instituições como o Instituto Militar de Engenharia (IME), abrindo caminho para a diversificação fabril do Polo Industrial de Manaus, com foco em tecnologias de defesa, soluções energéticas limpas, equipamentos para a Amazônia e bioeconomia de base tecnológica.

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Imagem criada por IA – Bioeconomia na indústria

A ação militar na Amazônia não se limita ao campo tático. Eventos como a Ação Cidadania Verde-Oliva, promovida na Semana do Exército, e o suporte a ações do Projeto Rondon na região, simbolizam o lado cívico das Forças Armadas: educar, atender, servir e inspirar. Isso reacende o sentimento patriótico, tão necessário num país que precisa voltar a se enxergar como projeto coletivo e soberano.

Na Amazônia, os militares brasileiros são mais do que soldados: são símbolos vivos da presença nacional, da soberania territorial e da esperança de um Estado mais eficiente e humanizado. Em tempos de mudanças climáticas, pressões internacionais e desafios internos, seu papel estratégico, institucional e social precisa ser reconhecido, valorizado e integrado a uma visão de futuro para a região e o país. Proteger a Amazônia é proteger o Brasil. E os homens e mulheres do Comando Militar da Amazônia seguem nessa missão — silenciosa, dura e essencial — com honra, preparo e compromisso.

Nelson Azevedo
Nelson Azevedo
Nelson Azevedo é economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM

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