Com prejuízos trilionários e impacto global, danos ambientais exigem ação urgente e transição para modelos sustentáveis, alerta relatório científico da ONU.
O modelo atual de produção e consumo está provocando danos ambientais estimados em US$ 45 trilhões por ano, o equivalente a US$ 5 bilhões por hora. O alerta vem do mais recente relatório Global Environment Outlook (GEO), elaborado por cerca de 200 especialistas a pedido do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O documento aponta que as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e a poluição ultrapassaram o campo ambiental, afetando diretamente a economia, a segurança alimentar, a saúde e até a estabilidade geopolítica mundial.
Segundo o relatório, a forma como o planeta gera energia e produz alimentos está no centro do problema. A agricultura industrial, por exemplo, responde sozinha por quase metade dos prejuízos, US$ 20 trilhões por ano. Transporte e eletricidade baseada em combustíveis fósseis somam outros US$ 25 trilhões.
O estudo também destaca a existência de aproximadamente US$ 1,5 trilhão em subsídios nocivos ao meio ambiente, destinados a setores como petróleo, gás, agricultura e mineração. Cortar ou reverter esse investimento poderia reduzir em até um terço as emissões globais de gases do efeito estufa e evitar parte dos danos ambientais que se acumulam anualmente.
Apesar da urgência, o GEO revela entraves políticos à transição. Países como Arábia Saudita, Irã, Rússia, Turquia e Argentina bloquearam trechos do relatório que mencionavam combustíveis fósseis e mudanças no padrão de consumo. Ainda assim, cientistas insistem que adiar soluções custará mais caro do que agir. Estima-se que os ganhos com a ação climática possam chegar a US$ 100 trilhões até o fim do século.
Para os autores, as alternativas sustentáveis já existem, mas falta vontade política. “A ciência é sólida. As soluções são conhecidas. O que falta é agir na escala e na velocidade que a história exige”, afirmou Edgar Gutiérrez-Espeleta, co-presidente do relatório, reforçando que conter os danos ambientais é uma questão de sobrevivência.