“Por fim, é preciso utilizar este espaço do debate climático para assegurar a partilha maior dos recursos oriundos dos créditos de carbono para a região. A movimentação global de entidades públicas e privadas ainda não transparece essa justa repartição. Afinal, quem são os guardiões da floresta de primeira hora, senão as populações tradicionais?”
Por Paulo Takeuchi
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Por que o mundo avança tão lentamente em sua tomada de consciência sobre a gravidade da questão climática? O que esperar da Conferência no Egito equal o papel da Amazônia no encaminhamento das responsabilidades assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris? Essas são algumas das questões da hora que inquietam o setor produtivo que atua na Amazônia, onde foi instalado um programa de desenvolvimento regional a partir do Polo Industrial de Manaus que busca harmonizar economia e meio ambiente.
E como entidade do Setor de Duas Rodas, temos orgulho de produzir veículos alinhados e comprometidos com o meio ambiente. Somos a ABRACICLO, Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – ABRACICLO representa os fabricantes de veículos de duas rodas no país.
Neste fim de semana, na qualidade de anfitrião, o Egito abre suas portas para a 27ª Conferência das Partes, órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, adotada na Conferência do Rio, em 1992, sobre a equação Meio Ambiente e Desenvolvimento. Os países membros (ou “Partes”) signatários da Convenção do Clima se reúnem desde 1995, por um período de duas semanas, para avaliar a situação do Clima dentro dos princípios firmados e da efetividade os compromissos.
A novidade é que o país anfitrião, juntamente com os governadores da Amazônia, convocou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito no último dia 30, numa demonstração da relevância que o Bioma Amazônia representa para o evento. Mais do que isso: o evento dará ao país a oportunidade de retomar a liderança global na questão ambiental e climática consolidada, exatamente, a partir da Rio-92, o marco histórico da priorização climática nas discussões sobre o futuro do planeta.
Será uma oportunidade para apresentarmos ao mundo as demandas, os paradoxos e as contribuições da Amazônia para o clima, com sua economia da sustentabilidade no trato da biodiversidade através do aproveitamento racional dos insumos naturais dos dermocosméticos, da alimentação funcional e integral e da farmacopeia imensurável de nosso banco genético.
A COP 27, também, será uma chance de aferir as distâncias e débitos entre os compromissos de cada país no Acordo do Clima e seu efetivo cumprimento. Estamos na contramão do Acordo de Paris, pois longe de reduzir 1,5 grau de calor, aumentamos 1,2 desde 2015. A Amazônia, infelizmente, contribui com taxas recordes de desmatamento por conta de uma leitura equivocada da contabilidade financeira, que trocou parcelas florestais por áreas desmatadas destinadas à pecuária.
Por fim, é preciso utilizar este espaço do debate climático para assegurar a partilha maior dos recursos oriundos dos créditos de carbono para a região. A movimentação global de entidades públicas e privadas ainda não transparece essa justa repartição. Afinal, quem são os guardiões da floresta de primeira hora, senão as populações tradicionais? Este é um apelo de nossa entidade e, com certeza, das empresas como um todo do polo industrial de Manaus.
Ao oferecermos 500 mil empregos entre diretos e indiretos, propiciamos alternativas de emprego, renda e oportunidades para que as famílias evitem transformar o bioma florestal como fonte de sustento. Fazemos nossa parte junto à população para proteger a floresta, manter erguida sua robustez para benefício local, familiar e equilíbrio climático da Terra.
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