O El Niño deste ano além de contribuir para a a maior seca em 120 anos, causou um cenário propício para a multiplicação de focos de queimadas, sobretudo na Amazônia e no Pantanal. Mas agora esse cenário pode mudar com a previsão de um grande volume de chuvas.
O Brasil lidera o ranking de queimadas na América do Sul, com 176.317 focos de incêndio registrados desde o início do ano. A Bolívia ocupa a segunda posição com 40.625 focos, enquanto a Argentina, com 25.722 focos, está em terceiro lugar, conforme dados de 2023 do satélite AQUA do INPE.
Houve uma redução de 8% nas queimadas no Brasil em comparação ao mesmo período do ano anterior. O Pantanal viu um aumento significativo de 343% em relação a 2022, impulsionado pelo fenômeno El Niño que intensificou a seca e o calor na região. Apesar de uma diminuição de 17% nos incêndios na Amazônia, ainda foram registrados 92.696 focos. Os estados mais afetados foram Pará, Mato Grosso e Amazonas.
Efeitos regionais do El Niño
O Norte do Brasil sofreu severamente com a seca e o calor exacerbados pelo El Niño, registrando 87.795 queimadas em 2023. O INPE destaca que as queimadas na região Norte foram 58% maiores do que no Nordeste, que ocupa a segunda posição.
Recentemente, o retorno das chuvas no Amazonas contribuiu para uma redução nas queimadas. Em novembro, foram registrados apenas 768 focos, uma diminuição significativa comparada aos meses anteriores.
A primavera no Brasil foi marcada por chuvas irregulares, exceto no Sul, que experimentou umidade excessiva devido ao El Niño. Houve uma queda nas queimadas de setembro para cá. A expectativa é de mudanças no padrão de chuvas a partir de dezembro, o que pode ajudar no combate aos incêndios, mesmo com a continuação do El Niño.
Projeções climáticas para o final do ano
As simulações climáticas indicam uma mudança no padrão de chuvas para o final da primavera e início do verão, com previsão de chuvas acima da média em partes do Sul e do Norte do Brasil, incluindo os estados de Rondônia, Acre e Amazonas.
No início de dezembro, espera-se uma mudança no padrão de chuvas no Brasil. Projeções indicam chuvas acima da média entre 27 de novembro e 11 de dezembro, abrangendo do Rio Grande do Sul a áreas de Minas Gerais e Goiás. Esta primeira quinzena de dezembro poderá ter chuvas mais frequentes e distribuídas pelo país, com volumes variando de 50 a 200 milímetros. As chuvas mais significativas devem ocorrer no Sul, Sudeste, Centro-Oeste, e alcançar o Norte, especialmente na parte oeste.
Chuvas mais intensas e abrangentes em dezembro são esperadas para trazer alívio e reduzir o número de queimadas em diferentes regiões do Brasil. Embora dezembro comece com chuvas irregulares em estados como Pará, Tocantins e na região Nordeste, a tendência é de uma mudança gradual para chuvas mais frequentes e abrangentes na segunda quinzena do mês, com possibilidade de chuvas expressivas até o final do ano. Na Bahia, o volume de chuva pode atingir até 180 milímetros.
Perspectiva de mudança do clima para 2024
Para o primeiro semestre de 2024, há uma previsão de diminuição da intensidade do El Niño, com chances maiores de um período de neutralidade climática nos meses de maio, junho e julho, ultrapassando 50% de probabilidade. Ainda é cedo para confirmar se haverá uma transição para o fenômeno La Niña após isso.
Mesmo com a previsão de enfraquecimento lento do El Niño nos próximos meses, que pode manter a irregularidade das precipitações, as queimadas ainda precisam de monitoramento constante. A diminuição gradual do número de queimadas deve continuar, auxiliada pelas chuvas que já ocorreram e que são esperadas com mais frequência a partir de dezembro.
Com informações do Meteored
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