Até 2027, o setor de inteligência artificial, com plataformas como o ChatGPT, poderão consumir entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos de água
Plataformas de inteligência artificial generativa, como ChatGPT, Gemini e Deepseek, têm ganhado cada dia mais popularidade por sua praticidade e relevância na otimização de processos variados. Entretanto, uma ameaça “invisível” chama a atenção de pesquisadores do cenário atual: o consumo de água.
Um estudo da Universidade da Califórnia, publicado em março deste ano, revelou que mesmo atividades digitais aparentemente inofensivas ao meio ambiente, como gerar imagens ou responder perguntas com IA, exigem volumes significativos de recursos hídricos.
De acordo com a pesquisa, uma hora de geração de imagens com IA pode consumir mais de 7,5 mil litros de água, o equivalente ao uso diário de cerca de 100 pessoas. Esse volume se refere principalmente à água usada indiretamente para o resfriamento de servidores em centros de dados – milhares de computadores superpotentes que realizam, sem parar, todos os cálculos complexos para processar perguntas e gerar respostas ou imagens – especialmente em regiões onde a IA é intensamente treinada e operada.

Mesmo uma tarefa simples, como uma pergunta enviada ao ChatGPT, acarreta consumo médio de 519 ml de água por cada 100 palavras geradas — praticamente uma garrafinha comum de água mineral.
Consumo de energia intensifica o problema
Além do consumo direto de água nos sistemas de resfriamento dos servidores, o uso massivo de água na produção da energia elétrica que abastece esses data centers também é um agravante. A geração de eletricidade, especialmente em usinas termelétricas e hidrelétricas, é altamente dependente de grandes volumes de água, e essas fontes ainda representam a maior parte da matriz energética global.
Ou seja, o funcionamento pleno da IA envolve um ciclo de consumo hídrico duplo: primeiro, para resfriar os equipamentos que processam dados; segundo, para produzir a energia que alimenta esses mesmos equipamentos.

As estimativas são alarmantes: de acordo com projeções citadas no estudo da Universidade da Califórnia, até 2027, o setor de inteligência artificial poderá consumir entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos de água. Esse volume supera o consumo anual total da Dinamarca e equivale à metade do que consome o Reino Unido em um ano.
Como gastar menos água com a IA?
Segundo os pesquisadores, já é possível pensar em estratégias para reduzir a “sede” do ChatGPT. Um dos principais focos das empresas tem sido a melhoria dos sistemas de resfriamento, substituindo métodos convencionais que consomem grandes volumes de água por tecnologias mais eficientes, como sistemas fechados ou resfriamento por ar.
Outra estratégia relevante é a realocação dos data centers para regiões com clima mais frio, o que naturalmente diminui a necessidade de resfriamento artificial e, portanto, de água.
Um exemplo de destaque em iniciativas de compensação hídrica é o Google, que anunciou o compromisso de repor 120% da água que consome até 2030, segundo matéria do portal Guia do Estudante.