Apenas 22% dos brasileiros possuem visão negativa sobre os carros elétricos, o que indica uma maior abertura da população ao uso de tecnologias limpas no setor de mobilidade
Com as mudanças climáticas e questões ambientais cada vez mais em pauta conforme a COP30 em Belém se aproxima, uma pesquisa global conduzida pela Ipsos buscou entender a percepção da população mundial sobre a responsabilidade diante da crise climática e as estratégias de descarbonização da economia, incluindo o uso de carros elétricos.
Na França, um dos países com maior número de carros elétricos na Europa, a percepção é mais crítica: 58% dos entrevistados acreditam que os veículos elétricos podem ser prejudiciais ao meio ambiente. A preocupação se relaciona, em grande parte, à produção e descarte de baterias, bem como à origem da energia utilizada para carregá-los.
Já no Brasil, o grau de aceitação desse modelo de transporte surpreendeu. Apenas 22% dos brasileiros compartilham dessa visão negativa, o que indica uma maior abertura da população ao uso de tecnologias limpas no setor de mobilidade.
Percepções gerais sobre a transição energética
O levantamento revela ainda que 53% dos entrevistados consideram o aumento da temperatura média global um grande problema. Apesar dessa preocupação, há resistências e receios em relação à transição para energias limpas. Cerca de 44% das pessoas acreditam que a adoção de fontes renováveis pode encarecer a conta de luz, especialmente entre os alemães, holandeses e belgas, o que confirma uma tendência crítica dos europeus a esse processo de transição.
No Brasil, o foco está em outro tipo de impacto: 22% dos brasileiros temem que essa mudança possa levar a apagões, revelando uma preocupação com a confiabilidade do sistema energético.
Para Marcos Caliari, CEO da Ipsos no Brasil, em entrevista à CNN, a resistência dos franceses aos carros elétricos está menos relacionada ao conceito do veículo em si e mais à burocracia envolvida na implantação da frota no país. Segundo ele, “muitas vezes, o conceito do carro elétrico pode ser bem-vindo; mas, rejeitam a regulamentação que está sendo imposta. Nem sempre é apenas sobre o carro elétrico em si. Muitas vezes é sobre como fazer isso”, destaca.
Fator social
No caso brasileiro, ele destaca que a realidade econômica da população atua como um obstáculo à mobilização ambiental: “O momento econômico da população brasileira desestimula a preocupação com a sustentabilidade. Quer dizer, é comum a gente ver aqui preocupações mais ligadas ao financeiro, por exemplo: ao custo de vida. Essa dura realidade do brasileiro normalmente tem prevalência sobre outras preocupações, como a preservação do meio ambiente.”
”Algo que vale ser destacado é a forma como as pessoas estão – cada vez mais – responsabilizando governos e empresas pela questão climática. Muito mais do que a si mesmas”, completa o CEO.