Diante das projeções que indicam a perda de até 11 milhões de hectares de terras agricultáveis no Brasil nos próximos anos, a região Sul, onde predomina o bioma Pampa, será a mais impactada, segundo pesquisadores
Na manhã de quarta-feira (26), durante a abertura do 13º Fórum Internacional do Meio Ambiente (Fima), promovido pela Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI), os professores Jefferson Cardia Simões e Francisco Eliseu Aquino, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacaram que o bioma Pampa é uma das regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas no planeta. Descrito como a “porta de entrada para os contrastes físicos entre as massas de ar tropicais e polares”, o bioma sofre diretamente os efeitos da dinâmica atmosférica da Antártida.
Os pesquisadores, que estiveram na Estação Antártica Comandante Ferraz, enfatizaram que os impactos climáticos no Pampa têm ligação direta com o comportamento das massas polares originadas do local. Diante disso, defenderam a criação urgente de uma governança de resiliência climática para a região, alertando que, sem ações efetivas, o bioma pode se tornar inviável economicamente nas próximas décadas.

Jefferson Cardia Simões explicou que o papel da Antártida no sistema climático global está profundamente interligado a processos que ocorrem em latitudes menores, especialmente com a atmosfera da América do Sul e os oceanos ao redor do continente antártico. Essa conexão influencia diretamente padrões climáticos no hemisfério sul, incluindo o bioma Pampa. “Antártida é tão importante quanto os trópicos no sistema ambiental global. É um laboratório natural para monitorar as mudanças ambientais globais”, pontuou.
O professor ainda aponta que a região do Pampa encontra-se em uma posição geográfica crítica, situada entre três fatores de aceleração do aquecimento global: o oceano Atlântico Sul, o continente Antártico e o oceano Pacífico. Essa localização torna o bioma especialmente vulnerável às mudanças climáticas. Ele alerta que, diante das projeções que indicam a perda de até 11 milhões de hectares de terras agricultáveis no Brasil nos próximos anos, a região Sul, onde predomina o bioma, será a mais impactada.

No encerramento de sua palestra, o professor Francisco Eliseu Aquino destacou que além de uma forte influência humana, fenômenos como rios atmosféricos e ondas de calor exercem papel central na formação de eventos climáticos extremos no bioma Pampa, incluindo estiagens, calor intenso, fumaça, tempestades, frentes de rajada e sistemas convectivos.