Pesquisa da USP e da UFRJ investiga como o sistema digestivo das baratas pode inspirar tecnologias para a produção de etanol, contribuindo com a transição energética.
Pesquisadores da USP e da UFRJ estudam o sistema digestivo da barata-americana (Periplaneta americana) como inspiração para aprimorar a produção de etanol no Brasil, contribuindo com a transição energética. O foco está na eficiência com que o inseto degrada matéria orgânica, habilidade que pode ser replicada industrialmente para acelerar a transformação do bagaço da cana-de-açúcar em biocombustível.
Ao longo de milhões de anos, baratas desenvolveram um sistema digestivo capaz de processar fibras vegetais com alta eficiência. Segundo os cientistas, entender esse processo pode levar à criação de coquetéis enzimáticos mais eficazes e baratos, substituindo produtos químicos agressivos e reduzindo o impacto ambiental da indústria. “O que estamos fazendo é olhar para a natureza e copiar o que ela já resolveu há milhões de anos”, afirma o entomólogo Ednildo Machado, da UFRJ.
A pesquisa revela que a digestão da barata ocorre em quatro etapas, com ação coordenada de enzimas, compostos alcalinos e microrganismos. Inspirar-se nessa “linha de produção” natural pode melhorar o aproveitamento da biomassa, diminuir custos, liberar espaço para reflorestamento e reduzir emissões.
O trabalho foi publicado na revista BioEnergy Research e já impulsiona novos estudos com cupins e tenébrios, insetos capazes de degradar até 90% da celulose. A expectativa é ampliar a eficiência energética e impulsionar soluções baseadas na natureza para a transição energética.