“Acreditamos que é possível — e urgente — avançar. Mas isso só ocorrerá se, juntos, governos, empresas e sociedade civil assumirem com seriedade o desafio da transição energética e de transformar o protagonismo político em transformação concreta. A hora de agir é agora. E Belém, em novembro, será o nosso teste de maturidade”
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América Latina e o Caribe vivem um momento decisivo. A poucos meses da COP30, que será sediada em Belém do Pará, a região se articula com uma ambição inédita para assumir a liderança global da transição energética. Mais do que um imperativo climático, essa transição é uma oportunidade histórica de desenvolvimento — justo, inclusivo e sustentável. Porém, para que esse protagonismo se materialize, será preciso mais do que bons diagnósticos: será necessário consolidar um arcabouço institucional, legal e financeiro robusto, partilhar metodologias e remover entraves, com forte engajamento do setor privado em parcerias operacionais e acordos supranacionais.
A transição, portanto, precisa ser equitativa. Não basta ser limpa — ela deve alcançar todos os territórios e populações, inclusive as comunidades isoladas da Amazônia, onde a dependência de óleo diesel para geração de eletricidade é um desafio ambiental e social. A UCB Power, nesse contexto, tem atuado para viabilizar soluções de transição energética descentralizadas, com foco em energias renováveis, armazenamento e sistemas híbridos adaptados às realidades locais.
Não se trata mais de inovação tecnológica. As soluções estão postas. A dificuldade maior está na ausência de decisões políticas firmes e de instrumentos eficazes para implementá-las. Faltam linhas de financiamento específicas, marcos regulatórios ajustados às novas realidades energéticas, segurança jurídica para investimentos de longo prazo e agências estatais coordenadas e capacitadas para lidar com a complexidade da transição energética. Os governos da região, reunidos sob o Conselho de Transição Energética (ETC), iniciam agora um esforço para superar esses obstáculos.

A reunião de alto nível na Cidade do Panamá, com apoio do Instituto Talanoa e outras entidades, é um passo crucial para construir um entendimento comum, fortalecer alianças regionais e criar sinais políticos de convergência rumo a uma nova etapa de desenvolvimento limpo.
A transição energética não será bem-sucedida sem a mobilização ativa do setor privado. As empresas precisam deixar de ser apenas receptoras de políticas públicas e assumir seu papel como protagonistas. Isso exige a construção de instrumentos de parceria público-privada mais eficazes, que permitam o compartilhamento de riscos e benefícios, o desenvolvimento de soluções sob medida e a aceleração de projetos em escala.
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Nesse sentido, é urgente ampliar o diálogo entre governos, empresas e sociedade civil, não apenas para repartir responsabilidades, mas para desenhar soluções integradas. A governança da transição precisa ser multissetorial e multinível, com clareza de propósitos e metas tangíveis. Os pactos supranacionais que emergem desse processo — como a ampliação da Aliança pelo Fim do Carvão (PPCA) na América Latina — são importantes marcos, mas precisam estar ancorados em ações concretas nos territórios.
Nenhum país da região enfrentará sozinho os desafios da transição. É hora de consolidar uma inteligência coletiva, capaz de mapear boas práticas, sistematizar erros e construir plataformas de conhecimento compartilhado. Precisamos transformar experiências locais em políticas replicáveis, ampliar redes de aprendizado e criar instâncias permanentes de cooperação energética e climática.
Esse é um dos grandes méritos da mobilização em torno da COP30: ela oferece um cronograma político que nos obriga a agir e uma vitrine estratégica para projetar nossas soluções. O documento final que será produzido na reunião do Panamá, com recomendações políticas para a presidência da COP30, deve refletir esse espírito de colaboração e urgência. Mais do que declarações, é preciso sinalizar ao mundo que a América Latina está pronta para liderar com coragem, ambição e pragmatismo.
Estamos diante de uma janela de oportunidade única. A transição energética é o eixo estruturante de um novo modelo de desenvolvimento para a América Latina. Mas, para isso, precisamos garantir que cada decisão — do financiamento à governança, da regulação à parceria tecnológica — esteja orientada pelo bem comum, pelo enfrentamento da pobreza energética e pela construção de resiliência climática.
A UCB Power reafirma seu compromisso com esse processo. Acreditamos que é possível — e urgente — avançar. Mas isso só ocorrerá se, juntos, governos, empresas e sociedade civil assumirem com seriedade o desafio de transformar o protagonismo político em transformação concreta. A hora de agir é agora. E Belém, em novembro, será o nosso teste de maturidade.