Amazônia Inovadora: o tempo da convergência entre saberes, territórios e universidades

“O tempo da Amazônia é agora. O tempo das universidades também. Que essa convergência de caminhos se consolide como um pacto interinstitucional pela Amazônia viva, inteligente e justa — com sua floresta em pé e suas populações protagonistas do próprio destino.”

A Amazônia é, por excelência, um lugar de encontro entre saberes, culturas e vocações. No entanto, transformar essa riqueza em soluções tecnológicas ajustadas ao território, em políticas públicas de longo alcance e em uma economia da biodiversidade sustentável exige um movimento de convergência, articulação e coragem institucional. Foi sob esse espírito que, a convite do reitor Carlos José Capela Bispo, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), realizamos uma visita institucional com o propósito de compartilhar experiências e vislumbrar parcerias sólidas entre nossas universidades.

A missão me foi confiada pelo reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), André Zogahib, entusiasta dessa jornada coletiva de transformação e defensor incansável da ciência como instrumento de emancipação regional. Representando a Agência de Inovação da UEA, ministrei uma palestra sobre Política Pública de Inovação, Transferência de Tecnologia e Empreendedorismo na Amazônia, que buscou, mais do que apresentar avanços, provocar um diálogo sobre os caminhos possíveis da inovação no território amazônico — caminhos que respeitem o bioma, integrem os saberes ancestrais dos povos originários e dialoguem com as exigências do século XXI.

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Doutor Antônio Mesquita e o Doutor André Luiz Nunes Zogahib

Essa visita à UEPA não se resumiu a uma apresentação técnica. Foi uma construção de pontes. Um gesto simbólico e estratégico foi a entrega dos e-books impressos do nosso Planejamento Estratégico Integrado de Inovação da UEA ao reitor da UEPA, ao pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e ao diretor executivo de Inovação. Neles, está delineada uma visão clara: a inovação, quando enraizada no território e conectada à ciência e à educação, é um vetor potente de desenvolvimento sustentável.

Tanto a UEA quanto a UEPA compartilham desafios e compromissos: são universidades públicas estaduais, comprometidas com a responsabilidade fiscal, com o cumprimento rigoroso das legislações nacionais e estaduais e, sobretudo, com a devolutiva real do investimento público à sociedade. Esse alinhamento de valores institucionais é uma base fértil para o surgimento de uma agenda colaborativa.

O tempo da Amazônia é agora. O tempo das universidades também. Que essa convergência de caminhos se consolide como um pacto interinstitucional pela Amazônia viva, inteligente e justa — com sua floresta em pé e suas populações protagonistas do próprio destino

A Amazônia, com sua vastidão continental e suas urgências ambientais, sociais e econômicas, não pode mais ser objeto de soluções importadas ou de agendas desconectadas de sua realidade. É preciso pensar a inovação a partir da floresta em pé, da diversidade sociocultural, do conhecimento tradicional e da ciência avançada. É nessa fronteira — entre ancestralidade e futuro — que nossas universidades devem operar, formando redes de inteligência, inovação e resistência.

O futuro da Amazônia será construído por aqueles que ousarem imaginar modelos alternativos de desenvolvimento. Modelos nos quais a inovação tecnológica esteja a serviço da biodiversidade, da soberania alimentar, da transição energética e da justiça socioambiental.

A troca de experiências, como esta entre UEA e UEPA, precisa ser mais do que um intercâmbio acadêmico — deve inaugurar uma ação compartilhada de construção de um modelo amazônico de prosperidade, sustentável, inclusivo e inovador. O tempo da Amazônia é agora. O tempo das universidades também. Que essa convergência de caminhos se consolide como um pacto interinstitucional pela Amazônia viva, inteligente e justa — com sua floresta em pé e suas populações protagonistas do próprio destino.

Antônio Mesquita
Antônio Mesquita
Antônio Mesquita é Diretor Executivo da Agência de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual (AGIN) da Universidade do Estado do Amazonas-UEA.

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