“O setor empresarial, que depende diretamente de uma gestão eficiente e visionária para prosperar, espera que os candidatos nas eleições em Manaus demonstrem modos civilizados de tratar seus adversários e que apresentem soluções factíveis para os problemas da cidade”.
Por Nelson Azevedo
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Foi dada a largada oficial à temporada das eleições municipais e o setor privado de Manaus tem observado com atenção os candidatos que disputam o comando da cidade. A relação entre o poder municipal e as empresas é marcada por uma história de interdependência, particularmente devido ao papel vital da Zona Franca de Manaus (ZFM) no desenvolvimento econômico da região.
Mais investimentos, mais empregos e tributos
No entanto, há uma preocupação crescente de que o município, apesar de se beneficiar dos incentivos fiscais proporcionados pelo modelo, possa retribuir de forma adequada em termos de políticas que favoreçam o ambiente empresarial e, é claro, sejam resguardada a qualidade de vida da população. Estamos certos que, com mais investimentos e maior arrecadação, será possível cuidar mais da qualidade de vida e dos equipamentos urbanos.
O que é a contrapartida fiscal?
Desde a criação da ZFM, o poder público abre mão de parte dos impostos para gerar crescimento. E a premissa de atrair empresas, através de incentivos fiscais, provou ser uma das estratégias mais eficazes para o desenvolvimento econômico da Amazônia e proteção da floresta. Manaus, como principal beneficiária deste programa, recolhe mais da metade de seus tributos a partir das empresas incentivadas. Nesse contexto, valeria a pena abrir o debate sobre contrapartidas à altura dos benefícios que recebe, criando uma disparidade que impacta negativamente tanto o setor privado quanto a sociedade em geral. Manaus deixou de fazer parte da contrapartida fiscal para atração de empresas apesar de ser um ente federativo dos mais beneficiados
A base da Sustentabilidade
Para o setor privado, é relevante que o próximo gestor municipal entenda que a ampliação das contrapartidas fiscais poderia atrair ainda mais empresas, gerando empregos, oportunidades e aumentando as receitas tributárias. Este ciclo virtuoso é essencial para a sustentabilidade econômica de Manaus, especialmente em um cenário global cada vez mais competitivo. No caso do Estado e da União , os benefícios da contrapartida são extraordinários para o poder público cumprir seus compromissos com a sociedade.
O desafio crônico da Mobilidade Urbana
A mobilidade urbana é uma das áreas mais críticas e que exige atenção imediata dos futuros gestores. Manaus enfrenta sérios problemas nesse setor, que vão desde a precariedade dos transportes públicos até a superlotação e a falta de conforto climático em alguns veículos. A violência também é uma preocupação constante, forçando as empresas do Polo Industrial a contratar segurança privada para garantir a segurança dos trabalhadores.
Entes federativos
O setor privado vê com bons olhos a possibilidade de uma parceria mais eficaz entre o governo municipal e a Secretaria Estadual de Segurança Pública. Uma colaboração estratégica pode resultar em melhorias substanciais na qualidade da mobilidade urbana, um aspecto fundamental para a produtividade e bem-estar dos trabalhadores e da população em geral. Contudo, essa é uma questão que demanda vontade política e planejamento estratégico para ser resolvida. Em qualquer cenário e para resolver muitos de nossos problemas, tudo fica mais fácil quando os três entes federados trabalham com transversalidade e integração.
Gestão de Resíduos e Sustentabilidade
Outro ponto crítico para a cidade de Manaus é a gestão do lixo. As atuais barreiras de contenção instaladas em alguns igarapés, ajudaram a resolver o problema, entretanto a população continua descartando lixo nos cursos d’água. A falta de conscientização e educação ambiental é evidente, e o setor privado espera que o próximo gestor, com apoio da comunidade e demais atores públicos e privados em campanhas educativas que envolvam a comunidade, especialmente jovens e crianças, na preservação do meio ambiente.
Gestão dos recursos hídricos
Afinal, de que adianta Manaus ter a maior reserva natural de água doce do mundo se seus rios – a despeito dos esforços públicos, sejam transformados em depósitos de lixo? Esta é uma questão antiga e universal que exige uma resposta imediata e eficaz pois os recursos hídricos estão sendo ameaçados, pois a degradação ambiental compromete não só os mananciais e a qualidade de vida dos manauaras, incluindo a imagem da cidade e sua capacidade de atrair novos investimentos.
Desarborização: Ameaça ao Bem-Estar
Apesar de estar situada no coração da Amazônia, Manaus é a capital com menor cobertura vegetal do país. Esse cenário é tanto constrangedor quanto prejudicial, agravando as condições climáticas e comprometendo a saúde da população. O desmatamento desenfreado, especialmente em áreas urbanas, transforma a cidade em um ambiente inóspito, especialmente durante o segundo semestre do ano, quando as temperaturas se elevam drasticamente.
Adesão da Comunidade
O setor privado sabe que este problema é crônico e cultural e espera que as futuras gestões públicas possam envolver o tecido social para implementar um plano robusto e participativo de reflorestação, municipal com o plantio de milhares de mudas e a criação de áreas verdes que envolvam a adesão e zelo de toda coletividade. A sustentabilidade urbana é uma demanda crescente, e iniciativas que integrem a população na conservação do patrimônio natural são essenciais para o futuro de Manaus.
Civilidade e Pacificação
Por fim, há uma grande expectativa por parte do setor privado de que as próximas eleições em Manaus sejam marcadas por debates respeitosos e voltados para os reais problemas da cidade. A polarização política, com ofensas e acusações, não interessa a ninguém. O que Manaus precisa são de propostas concretas, que unam todos os cidadãos no enfrentamento dos desafios que a cidade apresenta. Pacificação é atitude urgente, inadiável e inteligente onde todos ganham de verdade!
Manaus merece e precisa
O setor empresarial, que depende diretamente de uma gestão eficiente e visionária para prosperar, espera que os candidatos demonstrem modos civilizados de tratar seus adversários e que apresentem soluções factíveis para os problemas de Manaus. Só assim será possível construir uma cidade mais justa, próspera e sustentável para todos.
Nelson é economista, empresário e presidente do sindicato da indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.
FAQ
Qual é a importância da Zona Franca de Manaus (ZFM) para a cidade?
A ZFM é o principal pilar para o desenvolvimento econômico de Manaus. Gerando empregos e tributos significativos, o modelo de política regional gera um polo industrial que é responsável por mais da metade da arrecadação tributária da cidade.
O que é contrapartida fiscal e qual é sua relevância?
A contrapartida fiscal refere-se ao compromisso do município em oferecer políticas que favoreçam o ambiente empresarial em troca dos incentivos fiscais que recebe. A ampliação dessas contrapartidas pode atrair mais empresas e aumentar a arrecadação tributária.
Quais são os principais desafios de mobilidade urbana em Manaus?
Manaus enfrenta problemas como a precariedade do transporte público, superlotação, falta de conforto e segurança, exigindo atenção imediata dos gestores futuros.
Como a gestão de resíduos está sendo abordada?
Apesar de algumas iniciativas, como barreiras de contenção em igarapés, a população ainda descarta lixo de maneira inadequada. A conscientização e educação ambiental são essenciais para resolver este problema.
Quais são as preocupações em relação aos recursos hídricos de Manaus?
A degradação ambiental e o descarte de lixo nos rios ameaçam a maior reserva de água doce do mundo, comprometendo a qualidade de vida dos cidadãos e a imagem da cidade.
Qual é a situação da cobertura vegetal em Manaus?
Manaus possui a menor cobertura vegetal do Brasil, o que agrava as condições climáticas e prejudica a saúde da população. É necessário um plano participativo de reflorestação.
O que o setor privado espera das próximas eleições?
O setor privado espera debates respeitosos e propostas concretas que abordem os desafios da cidade, promovendo a civilidade e a pacificação entre os candidatos.
Como a comunidade pode se envolver na preservação do meio ambiente?
Iniciativas que integrem a população, especialmente jovens e crianças, em campanhas educativas e de reflorestação são essenciais para a sustentabilidade urbana de Manaus.
Quais são os principais pré-candidatos à Prefeitura de Manaus?
Os principais pré-candidatos incluem David Almeida (Avante), Amom Mandel (Cidadania), Capitão Alberto Neto (PL), Marcelo Ramos (PT), e Wilker Barreto (Mobiliza). O primeiro turno das eleições será em 6 de outubro de 2024
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