Encontrar alguma lógica de nossos interesses nos debates que são realizados sobre a Amazônia é o grande desafio político que possuímos. Isso implica em demonstrar que há oportunidades, mas que existem também problemas concretos do presente e que nãos somos um mero almoxarifado de recursos para exploração ou museu para preservação.
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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Com alguma frequência observamos líderes globais mencionarem a Amazônia como um problema do mundo. Mas nunca percebemos os problemas da Amazônia sequer como problemas para o Brasil. Nossos desafios não são percebidos como problemas nacionais ou globais.
A hipocrisia reinante nas discussões sobre a Amazônia é um dos maiores entraves para a mudança da realidade em relação às soluções. As deficiências estruturais não entram nos orçamentos de investimentos, mas as oportunidades de extração estão sempre por lá, seja com minérios, petróleo ou energia.
Encontrar alguma lógica de nossos interesses nos debates que são realizados sobre a Amazônia é o grande desafio político que possuímos. Isso implica em demonstrar que há oportunidades, mas que existem também problemas concretos do presente e que nãos somos um mero almoxarifado de recursos para exploração ou museu para preservação.
As ideias em contraste são: não fazer nada ou explorar recursos. Nunca há deliberações sobre como corrigir a falta de energia elétrica ou de infraestrutura de transportes. Quando se fala sobre estas questões, tipicamente o que ouvimos são justificativas para nada fazer, em nome de uma falsa preocupação ambiental, que está normalmente associada com interesses inconfessáveis ou pura miopia geográfica.
Enquanto não enfrentarmos nossos problemas, criando oportunidades, não sairemos desta armadilha que é deliberar sobre o que não interessa, ao invés de enfrentar os problemas reais. Enquanto o Brasil não atuar como um país que possui poderes e decisões além do Sudeste ou de Brasília, teremos conflitos tributários, políticos e agrícolas, distantes de uma república.
Nossa atuação ambiental impacta o mundo, então nossas necessidades deveriam minimamente impactar o Brasil, mas seguimos sendo colocados de fora dos investimentos e das correções de deficiências e até memo das conversas. Olhar os problemas da região unicamente como questões de segurança será uma visão tão curta como acreditar que apenas com polícia e força se resolve o problema da pobreza. Precisamos criar condições para uma prosperidade – fora disto estaremos sempre atrasados na construção de uma Amazônia sustentável.
Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Coordenador da Comissão CIEAM de Logística e Sustentabilidade
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